A perda de olfato é frequentemente associada à Covid-19, mas o sintoma pode ter diversas causas. Em alguns casos, a alteração pode indicar condições de saúde que exigem investigação médica.
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Estudo aponta relação com Alzheimer
Uma pesquisa publicada na revista Nature Communications indica que alterações no olfato podem surgir nas fases iniciais da doença de Alzheimer, antes do aparecimento de falhas de memória.
O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Luís Maximiliano, em Munique, com análises em modelos animais e tecidos cerebrais humanos. Os resultados mostraram mudanças precoces nos circuitos cerebrais responsáveis pela interpretação dos cheiros durante o processo neurodegenerativo.
Causas mais comuns da perda de olfato
Segundo a otorrinolaringologista Camila Marinho, do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco, a alteração do olfato não está restrita a doenças respiratórias. Entre as causas mais frequentes estão:
- Gripes e resfriados
- Rinite sem controle
- Sinusite crônica
- Pólipos nasais
- Traumas na cabeça
- Envelhecimento
- Exposição prolongada a substâncias químicas
- Doenças neurológicas também podem comprometer a capacidade de sentir cheiros.
Quando o sintoma exige atenção médica
A especialista orienta que a avaliação médica deve ser imediata quando a perda de olfato:
- Surge de forma súbita
- Vem acompanhada de dor de cabeça intensa
- Está associada a alterações visuais ou desequilíbrio
- Ocorre após trauma craniano
Também devem ser investigados os casos em que o sintoma persiste por semanas, aparece sem congestão nasal ou envolve distorções olfativas, como percepção de cheiros inexistentes.
Possível origem neurológica
Quando a perda de olfato é progressiva e não há sintomas nasais, aumenta a suspeita de comprometimento neurológico. Nesses casos, pode haver alterações nos nervos olfativos ou nas áreas cerebrais responsáveis pelo processamento dos odores.
A presença de tremores, alterações de memória, dificuldades cognitivas ou mudanças de comportamento reforça a necessidade de investigação especializada.
Outras doenças associadas à perda olfativa
Além do Alzheimer, a perda de olfato pode estar relacionada a:
- Doença de Parkinson, com redução do olfato antes dos sintomas motores
- Esclerose múltipla
- Depressão
- Tumores cerebrais
Na esclerose múltipla, a alteração pode ocorrer mesmo sem obstrução nasal e variar ao longo do tempo.
Testes para avaliação do olfato
O diagnóstico pode incluir testes específicos para medir a capacidade de identificar cheiros. Entre eles estão:
- SmellTest, versão brasileira adaptada de método internacional
- Testes digitais desenvolvidos no Brasil, que utilizam dispositivos eletrônicos para registrar as respostas dos pacientes
Tratamento depende da causa
- A conduta varia conforme o diagnóstico:
- Processos inflamatórios e alérgicos costumam responder ao tratamento clínico
- Obstruções anatômicas podem exigir cirurgia
- Lesões nervosas por infecções virais ou traumas podem apresentar recuperação gradual
- Treinamento olfativo como opção terapêutica
O treinamento olfativo é uma estratégia utilizada principalmente após infecções respiratórias. O método consiste na inalação repetida de fragrâncias específicas, duas vezes ao dia, por períodos prolongados. A resposta ao tratamento pode levar meses.
Importância da investigação precoce
A possibilidade de recuperação do olfato depende da idade, do tempo de evolução do quadro e da causa identificada. Em casos de danos extensos aos nervos ou doenças neurológicas degenerativas, a perda pode ser permanente.
A orientação médica é que alterações no olfato não sejam ignoradas. A avaliação especializada é essencial para identificar a causa e definir o tratamento adequado.