INTEGRAÇÃO

Jundiaí se consolida como polo de inovação

Por Ariadne Gattolini  |
| Tempo de leitura: 6 min
Divulgação
Jundiaí se consolida como polo de inovação
Jundiaí se consolida como polo de inovação

Jundiaí - uma cidade que desponta como centro de atração para data centers - com hubs de tecnologia já consolidados - precisa atingir a maturidade na cadeia tecnológica e integrar seus elos produtivos para ter acesso a um segundo momento de desenvolvimento. Atualmente, o município tem, em suas pontas, elementos essenciais para que isso aconteça, com startups, empresas e instituições de ensino que respiram tecnologia, mas ainda não convergiram para uma consolidação, de fato, do setor produtivo tec.

Para o diretor de Ciência de Tecnologia de Jundiaí, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tiago Antunes, a CPL (Cadeia Produtiva Local)  está em desenvolvimento, com todos os sistemas de inovação aportados na cidade. O desafio consiste em integrar os atores, de forma representativa. 
Para que isso aconteça, a Secretaria lançou o programa Inova+, que pretende integrar o ecossistema de inovação; atrair e reter empresas de tecnologia e startups; construir inteligência para captação de recursos e parcerias (fundos, fomentos, editais e projetos) e criar infraestrutura física de tecnologia e inovação.

“Essa infraestrutura física, entretanto, só virá com governança, metodologia e planejamento a longo prazo. Atualmente, a governança está em fase de escrituração entre a ATIJ (Associação de Tecnologia e Inovação de Jundiaí), Fatec, Sebrae e Cijun. Já houve encontros no Ciesp para discutir a CPL jundiaiense, com grande objetivo de ser reconhecida pela Secretaria de Desenvolvimento do Estado, através do SP Produz”, afirma Tiago.

Tiago Antunes, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
quer consolidar a cadeia de inovação em Jundiaí 

A prefeitura também está reformulando o Campus Jundiaí, através de parceria entre a Fatec e Sebrae para que interessados sejam  acolhidos e que possam ser incubados em algum ator.  Um dos pontos a ser tratado é o fomento à  pesquisa científica, com a inclusão do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Mata Ciliar, Fatec, FMJ (Faculdade de Medicina de Jundiaí), Etecs e instituições privadas.

Para Vlamir Ienne, presidente da ATIJ (Associação de Tecnologia e Inovação de Jundiaí), o ecossistema de inovação precisa estar integrado e consolidado através de uma CPL (Cadeia Produtiva Local), para conseguir os benefícios oferecidos pelo Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

“Entendemos que, em Jundiaí, todos os elementos para uma CPL existem, o que nos falta, agora, é ter uma CPL consolidada de fato”, afirma Vlamir.

Vlamir Ienne, presidente da ATIJ, vê um grande gap em formação 
de mão-de-obra e, para isso, promoveu o Expo Profissões  

Segundo o presidente da ATIJ, reuniões já começaram a ser feitas para organizar a cadeia, com protagonismo da entidade na liderança do projeto. “Já fizemos nossa primeira reunião, em elos que incluem a Fatec, Prefeitura e Sebrae para que possamos amadurecer esta cadeia e ter acesso aos diversos fomentos para a inovação.”

Vlamir também concorda que há um gap na mão de obra tecnológica na Região. “Os estudantes não saem aptos ao que o mercado exige. Por isso, a ATIJ promoveu a Expo Profissões, para poder alcançar estes estudantes e falar um pouco sobre inovação, robótica, tecnologia e outras profissões, apresentando projetos e palestras das principais autoridades no tema.”

CASES  

Incubação na FMJ quer inovar em dispositivo para sono  

A Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ) iniciou no último mês a incubação de sua primeira startup no Programa de Inovação em Saúde: a 3D DIORS Digital Device — com atividade de pesquisa e desenvolvimento do Dispositivo Intra Oral Restaurador do Sono (DIORS). O projeto, idealizado pela cirurgiã-dentista Denise Fernandes Barbosa, busca transformar como os distúrbios do sono são tratados, oferecendo uma alternativa 100% individualizada, acessível e menos invasiva aos métodos tradicionais.

O dispositivo diors® já possui duas patentes deferidas pelo INPI — uma de modelo de utilidade e outra de invenção — e aguarda aprovação internacional pelo PCT/WIPO. A startup pretende agora avançar para a fase clínica, com testes em 50 pacientes, em estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp.

“A incubação da DIORS marca um novo momento para a FMJ, que, por meio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), fortalece sua atuação no campo da inovação, incentivando o empreendedorismo científico e promovendo o desenvolvimento de soluções que impactem positivamente a sociedade”, afirmou, em nota, a instituição.

A dentista Denise Barbosa pretende criar um dispositivo
menos invasivo para auxiliar no sono 

Pombonet, provedor local, atende 30 mil domicílios  

A história de empreendedorismo de Filipe Hoffman, proprietário do Pombonet e Net Fibra wi-fi 7, é digna de filme americano. Filho de uma faxineira linha-dura, que o colocava para ajudá-la nas diárias desde os 11 anos, e de um torneiro mecânico, Filipe começou a consertar precocemente hardwares de computadores, ainda menino, no bairro do Jd. Santa Gertrudes e acabou construindo uma das maiores provedoras de internet de Jundiaí.

Seus pais tiveram 12 filhos e lutavam para que os irmãos estivessem bem direcionados, sob a ótica cristã e moral. O interesse por tecnologia já havia despertado precocemente, mas quando o irmão Erich, que já trabalhava em uma multinacional e ia ser piloto de avião, deu seu primeiro computador ao irmão, Filipe começou a sonhar em fazer dinheiro.

“Eu quebrei todo o HD para saber como funcionava. Depois eu comecei a arrumar os computadores dos vizinhos, mas, nessa época, eu dava todo meu dinheiro para minha mãe comprar comida. Já na Escola Técnica, conheci meu sócio Alan e, com o advento da internet discada, comecei a estudar esse modelo.”

Na verdade, o primeiro Speedy serviu para que ele compartilhasse cabos com os vizinhos e dar início a um negócio informal que hoje se tornaria uma das provedoras locais de maior sucesso de Jundiaí. O que começou na periferia de Jundiaí, ali mesmo no Santa Gertrudes, ainda na internet via rádio, hoje é responsável por 30 mil pontos de internet no município; 8 mil em Sorocaba e três mil em Monte Verde (MG).

“Um dia, meu sócio viu um protesto dos moradores do Jd. Cecap, porque eles não tinham internet. Ninguém se interessava por eles. Nós colocamos pontos ali, depois fomos para o Jd. São Camilo e todo o vetor oeste.”

Hoje, a Pombonet está na maioria dos condomínios residenciais em Jundiaí e, como Filipe e seus sócios não param de inovar, trouxeram para a cidade o NetFibra wi-fi 7, em experiências como o NetFibra Tech – Experience, um contêiner que  oferece Wi-Fi 7 e velocidades residenciais de 10 Gb/s, redefinindo o conceito de internet premium no país.

“Mais do que um hub de soluções, criamos um provedor literalmente dentro do condomínio — com redundância total de sinal via fibra óptica, rádio, 5G e até Starlink”, explica Filipe.



Filipe começou destruindo HDs e consolidou
uma provedora de internet local 


Capacitação de mão-de-obra, na Conecta  

A consolidação de Jundiaí como polo atrativo para data centers e operadoras de telecomunicações, assim como provedores de internet, foi decisiva para o empresário Roberto Alves, CEO, e seu sócio, o uruguaio Jorge Castro, COO, decidirem investir em um hub de capacitação na cidade.

Assim nasceu a Conecta Academy, que é um centro de capacitação profissional, incluindo cursos de telecomunicação, data center, IA, cybersecurity, sistemas, segurança e IOT, que pretende atender a demanda do município e região, com cursos de 40 a 300 horas.

“70% do nosso público é formado por jovens e 30% são empresas que buscam profissionais prontos para as vagas. A formação deste futuro colaborador é essencial e entendemos que há um grande vácuo de empregabilidade em nosso setor”, afirma Roberto.

Jorge afirma ainda que, na Conecta, parte da formação inclui treinamento comportamental, postura, disciplina e planejamento para construir uma carreira. “Os jovens não estão aptos a encarar o mercado de trabalho, por isso resolvemos investir em uma jornada completa”, afirma Jorge.


Jorge e Roberto investiram em hub para capacitação tecnológica em Jundiaí 

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