O uso do TikTok por crianças e adolescentes voltou ao centro do debate após o Instituto Alana solicitar ao Ministério Público Federal (MPF) que investigue o impacto do recurso conhecido como foguinho. A ferramenta, que incentiva interações diárias e manutenção de streaks, estaria fortalecendo dinâmicas de dependência digital entre os mais jovens.
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A ONG afirma que a mecânica do foguinho cria ciclos de engajamento que vão além da simples diversão: para mantê-lo ativo, usuários precisam acionar amigos e cuidar de elementos virtuais que aparecem quando o recurso está funcionando. Especialistas apontam que essa lógica reforça sentimentos de obrigação e ansiedade, o que pode levar a um uso compulsivo da plataforma.
O Alana também chama atenção para o design do TikTok como um todo. A rolagem infinita e a reprodução automática de vídeos, segundo a entidade, reduzem a percepção do tempo de uso e favorecem longos períodos de permanência no aplicativo. A preocupação cresce diante dos números apresentados: 62% dos adolescentes entre 13 e 16 anos usam a plataforma, e 14% das crianças de 0 a 3 anos também aparecem nas estatísticas — um dado considerado crítico pela ONG.
Para o Instituto Alana, a falta de mecanismos efetivos de verificação de idade contribui para a entrada precoce de crianças no ambiente digital sem supervisão adequada. A entidade sustenta que o TikTok deve apresentar estudos sobre os efeitos do aplicativo no desenvolvimento infantil e adotar medidas para mitigar possíveis danos.
A representação destaca ainda que o cenário atual reforça a urgência de regulamentações mais rígidas. Com o ECA Digital previsto para entrar em vigor em março, abre-se espaço para que políticas de proteção voltadas à infância sejam aplicadas de forma mais consistente. A ONG entende que o avanço legal pode ajudar a frear práticas de design consideradas abusivas.
À medida que o debate cresce, especialistas defendem transparência e responsabilidade das plataformas. Para eles, compreender como esses mecanismos de engajamento atuam é fundamental para proteger o bem-estar de crianças e adolescentes no ambiente online.