Uma verdadeira novela policial ganhou novos capítulos nesta quarta-feira (12), quando a Polícia Federal abriu o cofre e revelou o luxo por trás de um esquema que teria desviado dinheiro público destinado à educação. No centro do furacão está o empresário preso André Gonçalves, dono da empresa Life Educacional, na avenida Saldanha Marinho em Piracicaba, que viveu uma rotina digna de celebridade enquanto sua empresa operava, segundo a PF, praticamente sem estrutura inicialmente, com um funcionário e contratos milionários.
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De acordo com a PF, André transformou dinheiro público em um passaporte para o luxo. As investigações revelam gastos estratosféricos com viagens internacionais, hotéis no exterior, cartões de crédito nas alturas e uma frota que mais parece catálogo de concessionária premium.
Entre os veículos apreendidos pela Justiça estão:
- Porsche 911 Carrera — quase R$ 1 milhão
- BMW X4 xDrive 30i — R$ 412 mil
- BMW X3 xDrive30e — R$ 397 mil
- Dois HB20S — quase R$ 95 mil cada
Somando só os automóveis, o montante estouraria os R$ 3 milhões. E isso é só a garagem. No pacote de ostentação entram ainda imóveis avaliados em mais de R$ 16 milhões, com reformas e decoração de alto padrão.
A PF aponta que a Life Educacional movimentou R$ 128 milhões, grande parte vinda de prefeituras de Limeira, Sumaré e Hortolândia. Só Limeira, segundo as investigações, despejou R$ 10,7 milhões em kits de robótica, livros e licenças tecnológicas.
Os investigadores afirmam que os preços eram tão fora da realidade que chegavam a 35 vezes o valor real dos materiais. Livros comprados a R$ 1 ou R$ 5 eram revendidos por até R$ 80 para o poder público.
Apesar do faturamento astronômico, a empresa funcionava de forma mínima, sem sede própria e praticamente sem equipe — um cenário considerado totalmente incompatível com as cifras milionárias.
Esquemas de repasse, empresas de fachada e o código "café"
A investigação expôs ainda um intrincado sistema de repasses para empresas de fachada, controladas por doleiros, que seriam usadas para esconder a origem e o destino do dinheiro. Segundo a PF, pagamentos indevidos a servidores e lobistas eram “corriqueiros”.
Um detalhe chamou a atenção: a expressão “café”. Nas agendas dos investigados, o termo aparecia repetidamente, sempre associado ao município de Limeira — a PF afirma que “café” era o código para pagamentos em espécie, supostamente feitos para garantir contratos públicos.
50 milhões e um rastro de luxo
A análise de notas fiscais mostra que só com Limeira, Hortolândia e Sumaré, a Life teria lucrado pelo menos R$ 50 milhões. Desse montante, mais de R$ 16 milhões teriam ido diretamente para o bolso de André Mariano, segundo a PF.
Enquanto isso, a empresa vendia materiais ao setor público a preços estratosféricos e operava como um microempreendimento — mas com faturamento de multinacional.
Além da prisão do empresário, a PF cumpriu mandados de busca em Limeira, incluindo casa e empresa de um ex-prefeito. Sumaré, Hortolândia e Campinas também foram alvos da operação, com prisões.
Os envolvidos podem responder por, corrupção, peculato, fraude em licitação,lavagem de dinheiro, contratação irregular e organização criminosa.