Uma nova esperança na luta contra a dengue se aproxima: o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta segunda-feira (3) que a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan deve receber a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o final de dezembro.
A expectativa é que o imunizante comece a ser aplicado em 2026, com uma produção inicial de 40 milhões de doses. A notícia é um alento para cidades como Piracicaba, que, apesar de uma queda nos números em relação ao ano anterior, já contabiliza quase 6 mil casos positivos e cinco óbitos por dengue em 2025.
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A Anvisa está na fase final de análise dos estudos de qualidade, segurança e eficácia da vacina, que será indicada para pessoas de 2 a 59 anos e deverá integrar o calendário nacional de imunização. A produção em larga escala será viabilizada por uma parceria com a farmacêutica chinesa WuXi Biologics, cujas instalações já foram certificadas pela agência reguladora brasileira.
Vale lembrar que o Brasil já oferece outro imunizante contra a dengue, destinado a adolescentes de 10 a 14 anos, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2024.
Cenário da Dengue em Piracicaba
Em Piracicaba, a Vigilância Epidemiológica (VE) municipal divulgou dados que, embora mostrem uma redução em comparação com o ano passado, ainda demandam atenção. De 1º de janeiro a 24 de outubro de 2025, o município registrou 24.372 notificações para a doença, resultando em 5.922 casos positivos e, lamentavelmente, 5 óbitos. Para contextualizar, no mesmo período de 2024, a cidade havia contabilizado 29.384 casos confirmados e 16 mortes, a partir de 63.305 notificações. Já em 2023, foram 2.926 confirmações e 3 óbitos.
A campanha de vacinação local segue ativa, imunizando crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Saúde da Família (USFs), de segunda a sexta-feira, das 8h às 15h. A UBS Centro, na Avenida França, 227, Jardim Europa, oferece horário estendido, das 17h às 20h, exigindo documento com foto e Cartão Nacional do SUS para a aplicação das duas doses, com intervalo de três meses.
Estratégias Nacionais e Novas Tecnologias
Nacionalmente, o Ministério da Saúde lançou uma nova campanha de combate às arboviroses (dengue, zika e chikungunya), mesmo com uma queda de 75% nos casos em 2025 frente ao ano anterior. O país ainda registra 1,6 milhão de casos prováveis de dengue e 1,6 mil mortes, com o estado de São Paulo concentrando mais da metade das notificações e 64% dos óbitos. Padilha enfatizou que o Brasil não pode aceitar mais de mil mortes anuais pela doença e que a vacina será um pilar fundamental na estratégia de controle.
Para intensificar o combate ao Aedes aegypti, o ministério anunciou um investimento de R$ 183,5 milhões em novas tecnologias. Entre as apostas está a expansão do método Wolbachia, que utiliza mosquitos infectados por uma bactéria que impede a transmissão do vírus. Atualmente presente em 12 municípios, a técnica será ampliada para 70 cidades até o final de 2026. Niterói, no Rio de Janeiro, que alcançou 100% de cobertura com Wolbachia, já reportou uma redução de 89% nos casos de dengue e 60% nos de chikungunya. O governo também prevê o uso de estações disseminadoras de larvicidas, borrifação intradomiciliar e técnicas de controle reprodutivo do mosquito, em uma mobilização que culminará no Dia D da Dengue, neste sábado (8), sob o lema "Contra o mosquito, todos do mesmo lado".