Competição é aquela faísca que acende o motor da humanidade, e às vezes também o do cargo do técnico, quando o time vence. É o desejo de ser o melhor, de ultrapassar o outro.
Desde que o primeiro homem das cavernas apostou quem caçava o mamute mais gordo, a competição virou instinto. Está no sangue, no suor e nas chuteiras. É bicho que nasceu com a gente, para melhorar, evoluir, ganhar e, quando não dá, arrumar desculpa convincente.
A competição é instinto sim, mas também é método. O ser humano descobriu que, se quiser crescer, precisa de alguém empurrando ou provocando. É o empurra-empurra do progresso. As ciências disputam o Nobel, as letras o Jabuti, a imaginação concorre com a realidade. A filosofia compete para ver quem entende o sentido da vida primeiro, e até a culinária virou arena: “MasterChef” é a Olimpíada do fogão.
Competir é treinar o espírito, afiar o corpo e enfrentar o espelho da dúvida. É um conflito que gera crescimento. Na ciência, Newton brigou com Leibniz para ver quem inventava o cálculo; na literatura, Camões deu dribles em Eça e Pessoa; na música, Mozart duelava com Salieri; e na bola, Pelé driblou o mundo. A competição é o combustível do aperfeiçoamento, sem ela, ainda estaríamos chutando coco em vez de bola.
Nas áreas esportivas, a competição é o espetáculo da superação. É ali que o suor se transforma em glória. Cada atleta é uma usina de disciplina. O treino é o laboratório do impossível, onde se repete mil vezes o mesmo gesto até virar arte. O rigor é o preço do sonho, e quem não paga, não joga.
No futebol, por exemplo, há campeonatos para todos os gostos e nervos: Copa, Brasileirão, Paulistão, Taça da Vila, jogo de várzea, pelada de fim de semana. Cada um tem seu valor, sua torcida, seu churrasco e seu grito de gol. Ser campeão, porém, vai além da medalha, é vencer também a si mesmo. É correr mais que o cansaço, acreditar mais que a estatística, e sorrir mesmo quando o juiz não ajuda. A sorte até aparece, mas só visita quem trabalha duro.
E quando a vitória vem, ela arrasta multidões. A liderança da comunidade ou do time vira símbolo. As cidades respiram o feito. O comércio vende mais, o humor melhora, o trânsito até parece fluir melhor (por um dia). É o efeito colateral da alegria coletiva.
Piracicaba sabe bem o que é isso. O XV de Novembro é mais que um clube é patrimônio afetivo, identidade de berro e grito. Fundado na coragem e sustentado pela paixão, o XV carrega história, suor e sotaque. Sua estrutura mistura o profissionalismo da diretoria, o talento dos jogadores e o coração da torcida, que canta, sofre, reza e comemora tudo junto.
As empresas que patrocinam o time sabem o poder dessa paixão. Quando o XV vence, o logotipo na camisa brilha mais que troféu. É propaganda viva, espontânea, contagiante. A vitória é vitrine, e o marketing agradece.
E foi assim, num jogo redondo, que o XV mostrou mais uma vez por que a competição é ferramenta e a vitória é estímulo: XV de Novembro 2, Primavera 0! Um placar que vale mais que três pontos, vale orgulho, vale história, vale Piracicaba!
Porque ser campeão é não desistir nunca, é carregar no peito a coragem de recomeçar, mesmo quando o juiz apita o fim. A vitória é apenas o começo da próxima batalha, e o estímulo vem do próprio grito da arquibancada:
XV, cra cra cra!
XV, cra cra cra!
Carxara de forfe!
Cuspere de grilo!
Bicaro de pato!
Asara de barata!
Nheque de porteira!
Já que tá que fique!
Já que tá que fique!
QUINZE!!!
GOOORRRR DO XV!
Walter Naime é arquiteto-urbanista e empresário.