GIOVANA PRADO

‘Meu objetivo para o futuro é chegar ao UFC’

Por Erivan Monteiro | erivan.monteiro@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 8 min
Will Baldine/JP
‘E temos uma grande inspiração aqui na cidade, que é o Bruno Bulldog: ele já está onde muitos lutadores querem chegar: o UFC’
‘E temos uma grande inspiração aqui na cidade, que é o Bruno Bulldog: ele já está onde muitos lutadores querem chegar: o UFC’

A atleta Giovana Pires Prado, ou simplesmente Gi Prado, sonha longe no esporte de lutas. Praticante de Muay Thai, essa piracicabana de 26 anos, moradora no bairro do Castelinho, tem como meta da carreira chegar ao topo dos esportes marciais: o UFC (“Ultimate Fighting Championship”, nos Estados Unidos.

A revelação do esporte piracicabano começou cedo no esporte, aos 6 anos. Passou pelo judô e pelo futebol antes de chegar ao Muay Thai. A primeira luta foi aos 15, quando ficou muito nervosa e perdeu o combate. Apesar do revés, foi amor à primeira vista; a partir daí, não parou mais. “Não desanimei e fiquei muito feliz por ter lutado”, conta.

Onze anos após o debute no esporte, Gi Prado acumula muitos títulos na carreira, mas acredita que a principal conquista é “manter a constância nos treinos, seguir a dieta, bater o peso, depois a luta; é a parte que fazemos o que treinamos todos os dias”.

Em um esporte que não é reconhecido como profissional e, por isso, somente alguns conseguem viver das lutas, Gi Prado faz uma verdadeira maratona para treinar: faz musculação cedo, antes do trabalho e, depois do serviço, treina e corre de segunda a sexta. Aos sábados, faz musculação de manhã e, à tarde, faz mais um treino de Muay Thai. No domingo, para finalizar, ainda dá uma corridinha leve só para movimentar.

Toda essa dedicação visa à realização do sonho do MMA, mas precisamente o UFC, maior evento de artes marciais do mundo, que reúne a nata do esporte. “Este é meu objetivo para o futuro: lutar o MMA e conquistar o que for necessário até chegar ao UFC”, diz a atleta, que se espelha em outro piracicabano que já está na América: Bruno Bulldog. “Ele já está onde muitos lutadores querem chegar”, confessa.

Para esse ano, Gi Prado terá nos próximos dias o desafio do Campeonato Brasileiro, no dia 18 de outubro, em Brasília (DF). Esse evento é classificatório para o Mundial do ano que vem. “E vamos buscar este título mundial também. Ainda não temos a data e em qual país vai ser, mas vamos buscar”, diz, confiante. Veja, abaixo, os principais trechos da entrevista com Gi Prado.

Com quantos anos começou a treinar? Já começou pelo Muay Thai ou fez outras artes e outros esportes? Quando era criança na escola eu fiz judô, comecei com 6 anos e fiz até os 10 anos. Depois, fiquei jogando futebol e, aos 14 anos, comecei a treinar Muay Thai; fiz um ano e meio na academia do Wilson Teodoro, onde fiz a minha primeira luta. Depois da primeira luta, parei de treinar por um tempo, mudei de academia, onde treinei mais um ano, fiz mais duas lutas e novamente parei os treinos. Fiquei treinando musculação neste tempo, mas logo voltei ao Muay Thai, onde treinei firme mais uns dois anos e fiz mais algumas lutas. Acabei trocando de academia e fazia o Muay Thai antes da faculdade. Depois da aula, fazia o corujão do treino de Jiu-jitsu e fiquei nesta rotina um bom tempo. Quando entrou a pandemia, fiquei sem treinar e fui retornar em 2023, onde não parei mais. Fui subindo de categoria e comecei a lutar no semiprofissional, onde já estou há mais de um ano competindo.

Como se interessou pelo esporte? Foi vendo alguém, por indicação médica, por curiosidade... Eu sempre gostei de luta e sempre tive interesse em fazer. Conheci a Elaine Lopes, uma amiga, que na época já competia e vivia da luta. E a vendo viver do esporte foi o que me deu mais vontade de treinar e ir atrás, pois ver uma mulher vivendo da luta foi o que realmente me inspirou.

Qual foi sua sensação quando disputou sua primeira luta por um torneio? E como foi? Se lembra? Foi com quantos anos? A primeira luta foi com 15 anos; eu estava muito nervosa, com medo, mas subi lá e acabei perdendo; mas não desanimei e fiquei muito feliz por ter lutado.

Nestes anos de treinos e torneios, como você avalia sua evolução no esporte? Acredito que por muito tempo eu treinei e lutei porque gostava, mas não me dedicava realmente, com preparação física, dieta e um acompanhamento de um treinador que realmente me ajudasse a ser uma lutadora. Quando encontrei treinadores que realmente queriam me tornar uma profissional na luta, tive mais foco e aconselhamento deles sobre a necessidade da preparação física, além dos treinos, da alimentação correta e de realmente me comprometer com as lutas. A musculação e a dieta, quando comecei a seguir corretamente e com constância, aí sim realmente tive muita evolução nas lutas.

Conte-nos sobre as suas principais conquistas... Acho que a principal conquista é manter a constância nos treinos, seguir a dieta e bater o peso depois a luta; é a parte que fazemos o que treinamos todos os dias. E com isso consegui conquistar a vitória na minha primeira superluta e me classificar para o Campeonato Brasileiro, de 2024 onde fui vice-campeã em uma luta onde a decisão foi bem dividida. Depois, aconteceu o sonho de ir à Tailândia disputar o mundial, onde fiquei como vice-campeã de 2025. E este ano sou campeã paulista, campeã mineira e tenho dois cinturões do Nak Thai, um campeonato aqui de São Pedro, e sou campeã do Muay Thai Rock, aqui de Piracicaba, onde acabei sendo campeã sem lutar, pois infelizmente em cima da hora minha adversária desistiu.

Infelizmente, no Brasil o esporte amador não é muito valorizado. Você tem de conciliar com um trabalho ou consegue viver só com sua arte? Sim, infelizmente não é valorizado. Eu faço musculação cedo antes do trabalho e, depois do serviço, eu treino e corro de segunda a sexta. Aos sábados, consigo fazer a musculação de manhã e, à tarde, faço mais um treino de Muay Thai. No domingo, tento descansar ou acabo fazendo uma corrida leve só para movimentar.

Quais os atletas de renome que você mais admira e se espelha? Pode ser de outras artes marciais também... Admiro muito o pessoal do MMA que é meu sonho fazer parte um dia do UFC: a Amanda Nunes, Amanda Ribas, Luana Santos, Alex Poatan, Jean Matsumoto e Ariane Sorriso, que são da minha equipe da Inside; Allycia, campeã do One Champion, Popô também admiro muito toda sua história.

Muitos atletas praticantes de alguma arte marcial migram para o MMA, pois seria um esporte que dá para ganhar um bom dinheiro, caso tenha destaque. Passa isso por usa cabeça? Claro, este é meu objetivo para o futuro: lutar o MMA e conquistar o que for necessário até chegar ao UFC.

Quais os próximos desafios que terá nesse ano? Sonha com a classificação para o Mundial no ano que vem? Onde e quando será o mundial e o que precisa para se classificar? Sim, vamos atrás primeiro do Campeonato Brasileiro, no dia 18 de outubro, em Brasília (DF), buscando a classificação para o Mundial do ano que vem; e vamos buscar este título mundial também. Ainda não temos a data e em qual país vai ser, mas vamos buscar.

Como você analisa o nível de Piracicaba nos esportes de lutas? Tem muito talento aqui. Poderia citar atletas da cidade, que, como você, podem chegar longe no esporte? Sim, temos muitos talentos na cidade; vários atletas que estão se destacando e têm muita possibilidade de evoluir. Um atleta que conheço é o Marcos Alves, que luta há um bom tempo e tem potencial de chegar cada vez mais longe; o Vinicius Vbull já luta o MMA e também tem muito talento; Guilherme Piccoli, que treina comigo também e tem muita capacidade e está crescendo no Muay Thai. E temos uma grande inspiração aqui na cidade, que é o Bruno Bulldog: ele já está onde muitos lutadores querem chegar: o UFC.

Acredita que um dia o Brasil poderá dar mais atenção às artes marciais, com mais investimentos? Acredita que pode ainda pegar essa fase? Temos que ter fé que este dia vai chegar, temos muitos atletas bons e que falta investimento, talvez a próxima geração consiga pegar esta fase, mas enquanto isso vamos lutando para criar espaço para eles chegarem lá também.

Na sua avaliação, como está o Muay Thai brasileiro em relação ao resto do mundo? Olha, está chegando lá! Temos muitos mestres que estão se atualizando e buscando evoluir, deixando tabus sobre o Muay Thai de lado e se atualizando, mas estamos em um nível muito bom e conquistando muita coisa no Muay Thai pelo mundo.

Como mulher, você aconselha as meninas praticarem uma arte marcial como defesa pessoal? Você já precisou usar suas técnicas em autodefesa alguma vez? Sim. É muito importante a prática de artes marciais para a própria defesa. Saber se defender hoje em dia é essencial, pois estamos sujeitas à violência na rua e em casa. Já precisei usar e me salvou realmente! O meu conselho é fazer alguma luta e não precisa pensar em competir, mas para a saúde física, mental e para saber se defender em qualquer situação que precisar.

Gostaria, para terminar, mandar alguma mensagem? Queria agradecer aos meus pais por me apoiarem e me acompanharem, meu namorado, meu treinador Lukas Bueno e a Inside por me acolherem como uma família; a Marcela minha personal; Otávio meu nutricionista; Luciano meu quiropraxista; meus patrocinadores: a Paraná serviços automotivos, Hidráulica Prado, Salão da Emily, meus amigos e o pessoal que sempre me acompanha no Instagram, sempre mandam mensagens torcendo e me motivando. E que estou à procura de parceiros e patrocinadores para crescermos e conquistamos muito ainda juntos.

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