ARTIGO

Sexo saudável (1-2)

Por Luiz Xavier |
| Tempo de leitura: 3 min

Como sabemos, dia 6/9 é considerado o dia do sexo, visto que a data remete à famosa posição sexual, porém, estudiosos da sexualidade humana garantimos que a data é muito mais do que apenas o ato sexual ou a realizar a posição, mas uma oportunidade para discutir prazer, intimidade e conexão de forma aberta e educativa.

Por isso trouxe a reflexão do Dr. Ricardo Tapajós, médico infectologista, que aborda o tema do sexo saudável. Vejamos o que ele nos diz:
 “Falar de sexo saudável é uma coisa desafiadora do ponto vista conceitual, porque temos de entender o que é sexo e o que é saudável, e estas são palavras que usamos em nosso dia-a-dia, mas que não querem dizer a mesma coisa para todos.

A gente gasta anos tentando entender o que é saúde e o que é doença, e não sabemos descrever isso corretamente, porque às vezes falamos que a saúde é a falta de doença e a doença é quando você não tem saúde. Aí, você não sabe o que está falando. E temos de tomar muito cuidado para não sair com a ideia de que saudável é uma coisa relacionada a alguns valores morais. Às vezes posso chegar à conclusão de que saudável é aquilo que segue a norma que a sociedade manda: o que seria então sexo saudável? Só entre um homem e uma mulher, só depois do casamento, só vaginal, só para a procriação, e só isso? O que não é bem a nossa ideia de saudável.

Então, o que será que entendemos por sexo? Se eu falar sexo, o que entendemos? Há uma história superinteressante. O menino de quatro anos de idade chega para o pai e pergunta: ‘Pai, o que é sexo?’, e o pai fica com aquela cara de ‘o que eu vou falar agora’, e começa a falar de flor, de abelha, de sementinha, de papai, de mamãe, que mamãe planta uma sementinha e tal, e o menino com o olho deste tamanho. Ao final de 15 minutos de explicação, o pai olha para o menino e fala: ‘Você entendeu?’; ele: ‘Entendi, mas não sei como vou escrever tudo isso neste espacinho aqui, depois do nome e da idade’. Nome, idade, sexo... Ele tinha de escrever sexo masculino.

Quando a gente fala de sexo, não necessariamente se está falando da mesma coisa. Do ponto de vista biomédico, uma das definições do que é o sexo, do jeito de entender o que é sexo, é entendê-lo como uma das expressões da nossa sexualidade. E a sexualidade se expressa de vários jeitos: quando andamos, quando comemos, etc. Sexo é um dos jeitos de como expressamos nossa sexualidade. E o que é a sexualidade?

É uma coisa que recorta o psiquismo, desde o inconsciente até o consciente; ou seja, é uma função que a gente tem, é uma essência nossa. Então, dentro da nossa sexualidade há inúmeras questões, que vão desde os instintos até a ética. Lá no campo do inconsciente, estamos falando de instintos, desejos, pulsões, aquelas coisas que a gente vê na Psicologia, os instintos animais.

Dentro da sexualidade, além da parte dos instintos, também há coisas relacionadas a outras esferas das nossas mentes. Além da sexualidade, estão as sensações corporais e as emoções. Então a sexualidade, do ponto de vista anacrônico, está muito próxima, no cérebro da gente, dos centros ‘límbicos’, dos centros que controlam as emoções, a sexualidade, a emoção, o amor, a raiva, o ódio; tudo isso está muito perto, na cabeça da gente.

E também tudo isso está relacionado às nossas sensações corporais.

Luiz Xavier é psicólogo clínico e terapeuta sexual.

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