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Haddad critica isenção de impostos para bets no governo Bolsonaro


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Arquivo/Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad aponta falhas na política tributária da gestão anterior ao isentar bets de impostos
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad aponta falhas na política tributária da gestão anterior ao isentar bets de impostos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a política tributária do governo de Jair Bolsonaro, destacando a isenção de impostos concedida a casas de apostas durante os quatro anos da gestão anterior. Para Haddad, a decisão beneficiou empresas que movimentam altos valores no país sem contribuir de forma adequada para os cofres públicos.

Segundo o ministro, esse período foi marcado por “gastos tributários” voltados a setores que não colaboravam com o Estado. Ele citou especificamente as plataformas de apostas esportivas on-line, que não recolheram impostos no Brasil, enviando recursos ao exterior. “Eles lavaram a égua aqui no Brasil, mandaram dinheiro para fora, não pagaram um centavo de imposto”, afirmou em entrevista.

O debate sobre tributação de apostas ocorre em um cenário de forte expansão do setor. Relatório do Ministério da Fazenda mostra que, apenas no primeiro semestre de 2025, as bets movimentaram R$ 17,4 bilhões. A arrecadação de impostos nesse período alcançou R$ 3,8 bilhões, além de R$ 2,2 bilhões em outorgas e cerca de R$ 50 milhões em taxas de fiscalização recolhidas pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA).

A pasta também reforça que houve 66 processos de fiscalização envolvendo 93 operadores, com aplicação de sanções em 35 casos. A atuação incluiu ainda bloqueio de sites ilegais e monitoramento de instituições financeiras que facilitavam operações irregulares. Entre janeiro e junho, 24 instituições de pagamento comunicaram 277 ocorrências de encerramento de contas por indícios de irregularidades.

Haddad relacionou o tema da tributação das apostas a questões políticas mais amplas. Para ele, cerca de 30% dos brasileiros apoiam medidas que prejudicam o país por alinhamento ideológico, mencionando o eleitorado de Bolsonaro e comparando a situação à base política de Donald Trump, nos Estados Unidos.

O relatório do governo aponta que as bets - termo em inglês usado para se referir às apostas esportivas de quota fixa e empresas do setor - registraram a participação de 17,7 milhões de usuários no primeiro semestre. Desse total, 71% são homens e 29% mulheres. A faixa etária mais comum é a de 31 a 40 anos (27,8%), seguida pelos jovens de 18 a 25 anos (22,4%).

Diante do volume financeiro e do alcance social, Haddad argumenta que a tributação é necessária não apenas para ampliar a arrecadação, mas também para mitigar problemas relacionados ao endividamento familiar e à saúde pública, frequentemente associados ao setor. O mercado regulado começou em 2024, ano em que dados do próprio ministro foram cadastrados, sem seu conhecimento, em um site de apostas.

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