ARTIGO

LXX Salão de Belas Artes de Piracicaba

Por Esio Antonio Pezzato |
| Tempo de leitura: 2 min

Acompanho, desde minha juventude, os Salões de Belas Artes de Piracicaba. Lembro-me de tê-lo visitado em diversos lugares, como a antiga residência do Barão da Serra Negra, no Cristóvão Colombo e depois, definitivamente na antiga Pinacoteca, no Teatro Municipal Dr. Losso Netto e ultimamente, na nova Pinacoteca, no Engenho Central.

Em minha visitas pude conhecer muito sobre a Arte pictórica de nossa cidade. Através da dra. Myrthes Apparecida Adâmoli de Barros, (Irmã do pintor Joca Adâmoli), aprendi sobre a nossa arte caipira, desde o início dos anos 1940, e com Renato Wagner, Archimedes Dutra, Alberto Thomazi, Pacheco Ferraz, Manoel Martho, Olavo Ferreira da Silva, o deslumbre caipira em sua plenitude, começando por Miguelzinho Dutra, Almeida Jr. e outros tantos mais.

Foi assim que aprendi (um pouco) sobre pintura e hoje consigo distinguir uma boa obra, uma tela bem pintada, e uma tela feita por um aprendiz ou com dedos do professor. Essas obras feitas sob a supervisão do Professor jamais deveriam ser enviadas para Salões, pois não são obras autênticas. Muitas delas são cópias de obras do Professor e muitas delas têm os dedos do Professor. Mas isso não acontece. Não acontece mesmo.

Mas sou da opinião que uma boa obra vale mais do que dez obras de relativo valor. Exemplo prático: uma Lamborghini vale mais do que dez carros populares! Mas tenho visto em Salões aqui de Piracicaba, que o júri distribui prêmios aquisitivos sem nenhum requinte de qualidade. Quase com maldade, até.

Se no Salão as premiações são dadas às melhores obras, então essas obras são agraciadas com as Medalhas de Ouro, Prata e Bronze. Aí creio que elas mereceriam ganhar também o prêmio aquisitivo. Oras, o acervo da Municipalidade ficaria além de mais enxuto, com obras de um reconhecido valor artístico. Tanto é que conhecendo o acervo como conheço, em suas mil e tantas obras, posso dizer que muito dinheiro foi jogado fora para a aquisição dessas obras. Se formos passar mesmo o fio da navalha em qualidade, nem 200 obras têm o devido valor para fazer parte de um acervo Municipal.

Mas vamos lá... em 2023, quando fui presidente do Salão, sugeri e o Júri aquiesceu: os trabalhos agraciados com as Medalhas, passaram a ter os valores de aquisição e hoje fazem parte do Acervo da Municipalidade. Natural.

Mas este ano, 2025, o que vi me deixou estarrecido: as obras agraciadas com as Medalhas, foram deixadas de lado e outras dez obras, creio, de qualidade bastante discutível, passarão a fazer parte do acervo, pois receberam o Prêmio Aquisitivo. Tanto da Prefeitura como da Câmara.

Façam uma visita e constatem a aberração cometida. Dez obras que juntas, não têm valor de mercado. E a Prefeitura de Piracicaba compra para o acervo. Isso precisa ser mudado rapidamente. Voltarei ao assunto!

Esio Antonio Pezzato é poeta, cronista e colecionador de artes.

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