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Esalq/USP lidera criação do 1º mapa global de solos

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 2 min
Will Baldine/JP
Esalq se destaca no cenário internacional
Esalq se destaca no cenário internacional

O Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz),  liderou a criação do primeiro mapa global de solos com resolução de 90 metros. O trabalho, publicado na revista internacional The Innovation — com fator de impacto 33 — envolveu mais de 50 pesquisadores de diferentes países e levou seis anos para ser concluído.

Sob a coordenação dos professores José Alexandre Demattê e Raul Roberto Poppiel, o estudo reuniu imagens de satélite e dados de campo para detalhar a composição dos solos em escala mundial. Participaram também estudantes do grupo de pesquisa GeoCiS da própria Esalq.

Um dos dados mais importantes da pesquisa mostra que 64% da superfície terrestre é composta por solos arenosos — um tipo de solo considerado frágil para atividades agrícolas intensivas. Esse alerta é especialmente relevante para o Brasil, onde há vastas áreas com esse tipo de solo.

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“É preciso olhar com mais atenção para os solos arenosos do Brasil”, ressalta o professor José Demattê. Ele explica que o manejo adequado desses solos exige conhecimento aprofundado sobre sua composição mineral e a forma como retêm a água. O estudo também revelou que o pH do solo em áreas agrícolas é até 1,6 unidades mais alto do que em áreas de vegetação nativa. “Quando usamos insumos em excesso, corremos o risco de empobrecer o solo, comprometendo sua vida biológica e sua capacidade de sustentar culturas agrícolas de forma sustentável”, alerta Demattê.

Outro aspecto fundamental abordado pelo estudo é o papel do solo na regulação do clima. “O solo funciona como um grande reservatório de carbono, essencial para o equilíbrio climático”, afirma o professor Ra-ul Poppiel. Segundo a pesquisa, os solos sob vegetação nativa armazenam 54% do carbono orgânico global. Já os solos agrícolas contêm, em média, 60% menos carbono.

Um dos achados mais surpreendentes do estudo é a ligação entre o estoque de carbono nos solos e o desenvolvimento econômico. As dez maiores economias do mundo concentram 75% do carbono presente nos solos agrícolas globais. Em contraste, países em desenvolvimento — como os da América Latina e África — apresentam solos com menor teor de carbono, mas com grande potencial de recuperação.

Esse cenário abre espaço para o crescimento do mercado de créditos de carbono, com os solos se tornando ativos estratégicos para a economia verde.

Além dos professores Demattê e Poppiel, também assinam o estudo os pesquisadores Jean de Jesus Macedo Novais, Nicolas Augusto Rosin e Jorge Tadeu Fim Rosas, todos vinculados ao Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP e integrantes do grupo GeoCiS.

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