Sexo especial só em épocas específicas? No dia dos namorados? No aniversário de casamento/namoro? Passagem de ano novo? Viagem de férias? Acompanhem algumas dicas da amiga, psicóloga, educadora e terapeuta sexual, Arlete Gavranic:
“Nestas épocas, não raro, muitas pessoas se deprimem. A sensação de solidão para os que não estão acompanhados é muito grande diante do apelo de estar acompanhados e felizes.
Na mídia, dicas de presentes sensuais, programas de jantares românticos, pacotes em motéis para uma comemoração inesquecível. E aí quem está sozinho(a) vive uma dupla frustração: a afetiva e a sexual. Isso influência muito na baixa qualificação da estima, em geral das mulheres, que se sentem como se estivessem inadequadas para viver uma relação a dois.
Nem sempre essa ‘inadequação’ ou ‘incapacidade para estar a dois’ é uma realidade. Vale ressaltar que as mudanças socioeconômicas têm promovido muitas modificações no âmbito das relações, e nem sempre as pessoas se dão conta do quanto isso pode modificar relacionamentos afetivos–sexuais.
Hoje uma grande parte das mulheres trabalha e tem como se sustentar. Muitas vezes ganham mais que alguns namorados, ‘ficantes’ ou pretendentes. Com isso, as mulheres têm desenvolvido padrões de comportamento mais independentes. Elas saem e compram o que têm vontade, planejam seus finais de semana, férias...
Não muito raro investem em cantadas e convidam (ou se insinuam quase explicitamente) para uma saída ou viagem.
Muitos homens acham interessante conviver com essas mulheres, são amigas interessantes, descontraídas, financeiramente independentes e amantes sensuais e ativas no desejo e na busca de satisfação. Mas, ao mesmo tempo que eles fogem das mulheres muito dependentes, pois são sufocantes emocionalmente e caras financeiramente, se intimidam quando pensam numa relação mais estável com essas mulheres modernas.
Aprender a dividir e a conquistar sendo conquistado pode ser uma interessante experiência. Mulheres modernas também gostam de serem seduzidas, de que alguém abra a porta do carro ou faça uma surpresa. A diferença é que elas também gostam de fazer isso para eles e não aceitam tantas desculpas esfarrapadas ou mentiras que em outros tempos eram obrigadas a fingir não perceber, para não perder o parceiro. Elas pedem transparência, não toleram mentiras e traem muito mais, principalmente, quando se sentem traídas.
E quem sofre por estar sozinho(a) nestas datas. O que fazer?
Junte um grupo de amigos interessantes - até mesmo aquele(a) que pode estar disponível - e promovam um encontro (nada de lugares românticos para ficar curtindo dor de cotovelo!). Ou se alguém se prontificar a ceder sua casa, agitem uma festa com música alegre, fantasia ou também pode ser uma sessão de filmes de comédia, nada de romance e muito menos de drama. O que vale é não ficar sozinha(o) achando que só você não está acompanhado(a) e se martirizando pela condição de solteiro(a).
Aliás, muitos são os motivos de várias pessoas que se gostam estarem hoje em dia optando por morarem em casas separadas, preservando o clima de namoro e minimizando o risco de rotina, da acomodação e da sensação de ter sua vida sob o controle do outro.
Não vale a pena ficar sofrendo numa relação onde não haja admiração, companheirismo, diversão, partilha ou crescimento a dois. Se não for assim, é melhor estar só e no controle de sua vida, buscando amigos(as), ‘ficantes’, se desenvolvendo como pessoa e como profissional, conhecendo a si mesmo, o mundo e aprendendo a desfrutar de momentos prazerosos.
Afinal, o que é felicidade? A oportunidade de desfrutar consciente de momentos prazerosos, alegres e afetivos?”
Luiz Xavier é psicólogo clínico e terapeuta sexual.