ARTIGO

Conversas que curam: a base da conexão verdadeira

Por Fabiane Fischer |
| Tempo de leitura: 3 min

Ninguém nasce sabendo se comunicar bem, a gente aprende na prática, errando, se atrapalhando, falando demais ou de menos e com sorte escutando com o coração aberto. A comunicação eficiente nos relacionamentos é muito mais do que escolher palavras bonitas, ela é feita de escuta atenta, respeito, paciência e, principalmente, da intenção sincera de se conectar com o outro.

Quantas vezes você já acreditou que estava sendo claro, mas a outra pessoa entendeu tudo ao contrário? Ou então guardou o que sentia para não gerar conflito e acabou remoendo sozinho? Quando a gente não se expressa de forma verdadeira ou quando o outro não escuta com presença, pequenas rachaduras começam a se formar. São gestos que deixam de ser notados, silêncios que pesam mais do que gritos, mágoas que poderiam ser evitadas com uma simples frase dita com carinho.

Falar com clareza não é ser agressivo, escutar com atenção não é apenas esperar a sua vez de responder.

Comunicação verdadeira é uma troca honesta, onde o mais importante não é apenas o que é dito, mas o que é compreendido. Tem gente que fala pouco, mas diz tudo e tem quem fale muito, mas não escuta nada. Às vezes, uma pergunta simples como “Foi isso mesmo que você quis dizer?” pode evitar horas de mágoa ou um comentário como “Eu me senti triste com aquilo que ouvi” pode abrir espaço para o outro enxergar algo que não percebeu.

É importante lembrar que ninguém adivinha o que você sente, esperar que o outro entenda seus silêncios, seus sinais ou expressões pode ser frustrante. Cada um tem sua maneira de lidar com o mundo e o amor não vem com bola de cristal, por isso, dizer o que você sente, o que te incomoda, o que te faz bem e o que você espera é um gesto de cuidado, evita expectativas irreais e aproxima as pessoas daquilo que é verdadeiro.

Comunicação eficiente também é sobre presença. Em um mundo acelerado, cheio de notificações, distrações e ruídos, estar realmente disponível para escutar virou quase um ato de amor. É desligar o celular na conversa com um filho, é olhar nos olhos do parceiro, é perguntar “como foi seu dia?” e realmente querer saber. Pequenos gestos constroem pontes enormes e o simples fato de se sentir escutado pode curar mágoas antigas, fortalecer laços e aquecer afetos que estavam adormecidos.

É claro que ninguém se comunica perfeitamente o tempo todo, às vezes a gente fala de um jeito ríspido, interrompe, se cala na hora errada ou entende tudo ao contrário, mas quando existe disposição para reparar, humildade para ouvir o outro e vontade sincera de melhorar, as palavras se tornam pontes e é por essas pontes que o amor atravessa até os dias mais difíceis.

Relações saudáveis não se constroem apenas com jantares românticos, presentes bonitos ou frases feitas, elas são feitas de conversas simples, daquelas que a gente tem no fim do dia, no carro, na fila do mercado, antes de dormir. Conversas em que há espaço para as verdades de cada um, mesmo que elas sejam diferentes. Conversas em que a gente pode ser quem é, sem medo de julgamento.

Uma boa conversa pode evitar um término, pode aproximar dois irmãos distantes, pode curar ressentimentos antigos entre mãe e filha, pode salvar uma amizade.

Às vezes, o que separa duas pessoas que se amam é apenas a ausência de uma conversa honesta. Amar também é se esforçar para ser entendido, para compreender, para encontrar o outro no meio do caminho.

Então, da próxima vez que algo parecer travado entre você e alguém importante, tente conversar, não para vencer uma discussão, mas para construir uma conexão.

Fale do que sente, escute sem pressa, pergunte com interesse. As palavras certas, ditas no tempo certo, com o tom certo, podem fazer milagres silenciosos. Às vezes, tudo o que uma relação precisa para florescer é de uma boa conversa.

Com carinho, Fabiane Fischer.

Fabiane Fischer é especialista na recuperação de dependentes químicos, abusos e compulsões.

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