CRIME ORGANIZADO

Tribunal do crime: veja como funciona a 'pena de morte' do PCC

Por Guilhermo Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Editor-chefe de OVALE
Reprodução
Casa de Custódia de Taubaté, berço do PCC
Casa de Custódia de Taubaté, berço do PCC

‘Tabuleiro’.
Peças movem-se pelo tabuleiro, singrando espaços deixados pelo poder público, ocupando o vácuo de Estado e desafiando o rei. Xeque. Mate?

Quem decide vida e morte, polegar para cima ou para baixo, é o PCC (Primeiro Comando da Capital), maior e mais temida facção criminosa do Brasil, criada no dia 31 de agosto de 1993, no ‘Piranhão’, o pavilhão anexo da Casa de Custódia de Taubaté – apelidado pela organização, em seu estatuto, de ‘campo de concentração’ e fábrica de monstros’.

No jargão da organização criminosa, trata-se do ‘tabuleiro’ -- nome para os tribunais, onde a definição sobre quem viverá ou morrerá é feita como o lançar de dados. “Eles [PCC] montam o tabuleiro todos os dias. Mas matar alguém é raro, hoje bater é o mais comum”, diz um agente especializado no combate à facção criminosa no Vale.

Duas pessoas foram presas em operação contra organização criminosa suspeita de executar inimigos por meio do tribunal do crime em São José dos Campos. Trata-se de justiçamento utilizado por facções criminosas para matar desafetos. A ação acontece nesta sexta-feira (4) (veja aqui).

Clique aqui para fazer parte da comunidade de OVALE no WhatsApp e receber notícias em primeira mão. E clique aqui para participar também do canal de OVALE no WhatsApp

Os ‘tabuleiros’ acontecem nas ‘quebradas’ sob o domínio dos ‘irmãos’ (os integrantes da organização criminosa), com ‘júri’, acusação e defesa. “Se fizer algo na quebrada, eles cobram”, alertou o policial. “O PCC não cobra só se fizer algo para alguém da facção. Se fizer qualquer coisa na quebrada deles, eles cobram”, completou.

O julgamento é composto por ‘irmãos’ em liberdade e presos, com ‘transmissão via celular. Os ‘crimes’ mais graves são os de estupro e roubo (principalmente se ligados ao desvio dos recursos obtidos pelo tráfico, o carro-chefe da facção).

Os ‘tabuleiros’ são usados ainda em assuntos ligados à quebrada -- para punir quem pratica furtos e roubos na redondeza, casos de abuso sexual, entre outros. 
Aplicada nos tabuleiros, a pena de morte é chamada de 'decreto'. No entanto, ela seria rara. “Depois a gente acha o corpo”, contou a OVALE uma fonte ligada diretamente à investigação sobre os crimes praticados pelo PCC.

Nas chamadas 'quebradas', o tráfico atribui ao PCC a redução drástica na quantidade de homicídios -- a posição é atestada por parte dos especialistas em setor, e questionada por outra parcela, assim como pelo Estado.

Em áreas de São José, a ordem é conhecida como 'Bandeira Branca'.

De acordo com o MP, o PCC se expandiu e hoje atua em todo o Brasil e também em outros 28 países (ver aqui).

Comentários

1 Comentários

  • Levi Andrade 04/07/2025
    Ver algo que nasceu aqui no Vale do Paraíba e se expandiu deste forma, para outros países, deixa bem claro que nossas leis, nossa polícia e nossa política, foram ineficientes no combate ao PCC, uma organização que deixa bem clara a ineficiência brasileira no combate ao crime.