
Piracicaba, cidade das águas e das ideias, já foi palco de administrações que encantaram e também de outras que frustraram. Em sua trajetória política, altos e baixos marcaram o ritmo das gestões, como o vaivém de seu rio símbolo. Em meio a desafios urbanos, sociais e ambientais, alguns momentos se destacam como picos de entusiasmo: o investimento na educação técnica, a preservação do Engenho Central, a ampliação da rede de saúde básica, a conquista de nosso parque industrial. São avanços que mostram que, quando se planta com convicção, algo floresce.
O entusiasmo, esse impulso vital que move atitudes humanas para além do óbvio, é mais que um tempero é um combustível. Uma gestão movida a entusiasmo contagia, mobiliza, tira do comodismo. Governar com entusiasmo não é fazer promessas vazias, é transformar ideias em ação com paixão e comprometimento.
Administrar e governar não são a mesma coisa. Administrar é gerir recursos, equilibrar contas, cumprir prazos. Governar é liderar, é inspirar, é ouvir e dar direção. A administração é a técnica, a governança é a alma. E o que falta em muitas gestões públicas não é competência técnica, mas entusiasmo verdadeiro aquele que inspira confiança e convoca à participação.
Piracicaba, com sua gente trabalhadora, suas universidades, seus bairros pulsantes, é um terreno fértil para o entusiasmo. O povo responde quando vê sentido, quando percebe verdade. Nas campanhas eleitorais, a palavra “entusiasmo” nem sempre aparece, mas o tom da voz, o brilho no olho e a coerência entre discurso e história pessoal dizem muito.
Na última eleição, por exemplo, o embate foi apertado. Dois projetos, duas visões.
Durante as outras gestões, quem manteve esse entusiasmo depois de vencer? A campanha é palco, mas o mandato é chão. Entusiasmo não pode ser performance precisa ser propósito.
O novo gestor, eleito por uma margem pequena, assumiu ciente do tamanho da responsabilidade. Uma “jamanta carregada” de problemas históricos, novos desafios econômicos e uma população cada vez mais exigente. A pergunta que ecoa pelas ruas e corredores políticos é: saberá manter o entusiasmo? E mais do que isso conseguirá contagiar a cidade com ele?
Decorridos quase 180 dias, já se sente a tentativa de “desenrolar” Piracicaba. Projetos foram lançados, ajustes começaram, mas o entusiasmo ainda precisa sair e se materializar no cotidiano da população.
As forças vivas da cidade professores, estudantes, donas de casa, comerciantes, líderes comunitários, autoridades, industriais estão observando. Mas o entusiasmo, para virar cultura, precisa ser cultivado todos os dias, não só nos gabinetes.
O resultado das eleições foi um cheque em branco limitado no tempo. A viabilidade do governo está sendo testada. Se houver diálogo, ação concreta e humildade para corrigir rumos, a cidade pode colher muito. Porque Piracicaba, com sua história e seu povo, tem solo fértil.
Nosso desejo é que o Hélio que veio como Helinho, se sustente transformando-se em Hélhão, para o bem comum.
Estamos juntos!!!
Walter Naime é arquiteto-urbanista e empresário.