
Vivemos em uma era onde a tecnologia permeia cada aspecto de nossas vidas, transformando a maneira como nos comunicamos, aprendemos e trabalhamos.
Nossas crianças e jovens, em particular, nascem e crescem imersos nesse universo digital, o que nos impõe um desafio crucial como sociedade, como legisladores e, acima de tudo, como pais: como garantir que essa imersão seja segura, produtiva e prepare-os adequadamente para o futuro?
É inegável que a internet e as plataformas digitais oferecem um mundo de possibilidades, mas também carregam consigo riscos consideráveis. A superexposição a conteúdos inadequados, o cyberbullying, a privacidade de dados e o tempo excessivo de tela são preocupações legítimas que demandam atenção constante. Nesse cenário, o papel dos pais é insubstituível. A supervisão ativa, o estabelecimento de limites claros e o diálogo aberto são pilares fundamentais para um uso saudável e seguro da tecnologia. Controlar o acesso, monitorar atividades e educar sobre os perigos online não são medidas restritivas, mas sim atos de cuidado e responsabilidade. Precisamos capacitar os pais com informações e ferramentas para que possam guiar seus filhos nesse ambiente complexo, transformando a vigilância em um acompanhamento construtivo. Não se trata de proibir, mas de orientar com discernimento e afeto.
No entanto, ao mesmo tempo em que a proteção é primordial, não podemos ignorar a necessidade imperativa de incentivar e investir no desenvolvimento de habilidades tecnológicas em nossa juventude. O mundo moderno é intrinsecamente digital, e a fluência tecnológica não é mais um diferencial, mas uma exigência básica. O mercado profissional, em constante evolução, demanda cada vez mais indivíduos com conhecimento e manejo com a internet, com ferramentas digitais, com programação, com análise de dados, e com a capacidade de inovar e se adaptar às novas tecnologias.
Privar nossos jovens desse contato ou não oferecer as condições para que o aprofundem seria, em última análise, um desserviço ao seu futuro. A escola, nesse contexto, tem um papel vital. É fundamental que as instituições de ensino incorporem o letramento digital em seus currículos, não apenas como uma disciplina isolada, mas como uma habilidade transversal. Precisamos de investimentos em infraestrutura tecnológica nas escolas, em formação continuada para os professores e em programas que estimulem o pensamento computacional, a robótica, a inteligência artificial e a criatividade digital desde cedo.
Além disso, a iniciativa pública e privada deve atuar em conjunto para criar ambientes de aprendizado e experimentação. Oficinas, cursos extracurriculares e parcerias com empresas de tecnologia podem oferecer experiências enriquecedoras que complementam a educação formal e despertam vocações. É incontestável que os governos, em suas diferentes esferas, desenvolvam políticas públicas robustas que visem à inclusão digital e ao fomento da educação tecnológica para todos, garantindo que nenhum jovem fique para trás por falta de acesso ou oportunidade.
O desafio está, portanto, em encontrar o equilíbrio. Devemos ser guardiões vigilantes da segurança e do bem-estar de nossos filhos no ambiente digital, ao mesmo tempo em que somos entusiastas e facilitadores de sua jornada de aprendizado e desenvolvimento tecnológico. É uma balança delicada, que exige constante adaptação e um olhar atento às rápidas transformações da sociedade. Proteger sem isolar, educar sem limitar. Esse é o caminho para formar uma geração de cidadãos conscientes, críticos e preparados para prosperar em um futuro cada vez mais conectado e tecnologicamente avançado.
Alex Madureira é deputado estadual na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.