
Quero tratar nesse artigo de alguns fatos que ocorrem nesses últimos dias e que causam muita preocupação.
O primeiro deles, obviamente, é a guerra provocada pelo Estado de Israel contra o Irã, que vem provocando destruição material, perdas de vidas e grande número de feridos em ambos os países.
Tenho me posicionado com clareza em relação ao abominável genocídio do povo palestino realizado por Israel na Faixa de Gaza e considero que o presidente Lula vem adotando posições extremamente corretas em relação aos acontecimentos na região. Considero também que nosso governo precisa avançar no sentido do rompimento de relações com o Estado de Israel, da mesma forma que fizeram outros países. O bombardeio inicial realizado por Israel no Irã, sob o argumento de que aquele país está desenvolvendo uma bomba atômica, não se justifica. Primeiro, porque não há provas cabais a esse respeito. Segundo, porque o próprio Estado de Israel, segundo diferentes fontes confiáveis, possui armamento nuclear, o que significa uma posição de poder e ameaça a toda a região.
Rogo a Deus que a diplomacia prevaleça, que a situação evolua para um cessar fogo e, sobretudo, que Estados Unidos e outras potências não se envolvam militarmente neste conflito, o que poderia levá-lo a uma situação extremamente perigosa e incontrolável. Também desejo, do fundo de minha alma, que os habitantes da Faixa de Gaza tenham restaurada a sua dignidade e condições de vida. Hoje, homens, mulheres e crianças estão isolados naquele território, sofrendo fome e sede, sem moradia e sujeitos a agressões e bombardeios por parte dos israelenses, uma situação intolerável.
O segundo assunto que desejo abordar é sobre a inaceitável postura da maioria dos parlamentares da extrema-direita e de parte do centrão em relação ao projeto do governo Lula que visam isentar os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil mensais. Esses setores estão criando todo tipo de dificuldades para impedir que o governo possa implementar uma política tributária mais justa, taxando rendimentos de pouco mais de 130 mil brasileiros que ganham mais de R$ 50 mil mensais para poder beneficiar mais de 10 milhões de trabalhadores que ganham menos.
Para contornar o cerco da oposição, que não pensa no povo brasileiro e só está interessada em criar dificuldades para o governo Lula, prejudicando a população, o governo, para viabilizar os recursos necessários para bancar a isenção do Imposto de Renda, enviou projeto para aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para transações milionárias e investimentos que hoje não são taxados. Mais uma vez a oposição de extrema direita, aliada a setores do centrão, cria todos os obstáculos possíveis, com a cumplicidade ativa do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.
O descompromisso da extrema direita é tão grande que os parlamentares derrubaram vetos do presidente Lula à legislação que regulamenta a instalação de equipamentos para energia eólica em alto-mar (offshore) no Brasil. A derrubada dos vetos, que se aplicava a questões que nada tem a ver com o assunto que estava em Paulo, restabelece pontos como contratação compulsória de centrais hidrelétricas, extensão dos contratos do Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica, contratação compulsória de energia elétrica na região Sul, construção de planta de hidrogênio. Todas essas medidas causam um impacto de pelo menos R$ 197 bilhões ao sistema elétrico, que serão repassados para as contas dos consumidores.
A extrema direita bolsonarista, juntamente com seus aliados, despreza os direitos do povo. Se estivessem interessados no bem-estar da população, ajudariam a viabilizar a aprovação da isenção do IR até R$ 5 mil, o que significa para milhões de trabalhadores o equivalente a um 14º salário.
É preciso haver paz no mundo e no Brasil. Não uma paz que resulte da derrota, a imposição autoritária, da imposição do mais forte ou resultado de governo e situações que não contemplam nossas necessidades. A paz decorre da justiça e por essa paz que precisamos lutar, dentro e fora do Brasil.
Professora Bebel é deputada estadual pelo PT e segunda presidente da APEOESP.