
Diversas formas de morte despertam temores que ultrapassam o sofrimento físico e atingem áreas profundas do imaginário humano. Para a doutora em psicologia Leninha Wagner, a maneira como se concebe a morte revela aspectos dos maiores medos enfrentados em vida.
A seguir, a especialista analisa sete formas de morrer que frequentemente estão associadas a angústias psicológicas intensas:
1. Afogamento
Estar submerso sem conseguir respirar ativa, segundo Wagner, um estado extremo de sobrevivência, que entra em colapso diante da ausência de resgate. A experiência remete à perda de controle e à impossibilidade de pedir ajuda.
2. Queimadura fatal
Morrer em meio ao fogo envolve mais do que a dor física. A psicóloga explica que, sob a ótica psicanalítica, o fogo está ligado ao desejo e ao excesso. A morte por queimadura seria interpretada como uma forma de punição simbólica, com o corpo e a identidade sendo consumidos simultaneamente.
3. Queda de grande altura
Segundo Wagner, a sensação de cair representa a antecipação da morte unida à falta de controle. O corpo está sujeito à gravidade, e a mente entra em estado de pânico. Essa imagem está associada à perda de estabilidade e ao desamparo total.
4. Asfixia ou sufocamento
A falta de ar, segundo a especialista, provoca uma reação de pânico imediato. Respirar está diretamente relacionado à existência, e a interrupção desse processo equivale, simbolicamente, ao desaparecimento do sujeito.
5. Tortura até a morte
Neste caso, o medo está ligado à violação da dignidade. Wagner afirma que a tortura representa a perda total de autonomia, com o corpo sob o domínio de alguém que age sem empatia. A morte ocorre junto com a desumanização.
6. Encarceramento no próprio corpo
A condição conhecida como síndrome do encarceramento, em que o indivíduo permanece consciente, mas completamente imóvel, é interpretada como uma das experiências mais angustiantes. A pessoa está presente, mas sem possibilidade de expressão, o que configura a negação da comunicação e da ação.
7. Morte em isolamento completo
Desaparecer sem deixar vestígios ou morrer sem a presença de outras pessoas provoca, segundo a psicóloga, uma sensação de ruptura social e afetiva. Essa forma de morte simboliza o fim dos laços antes mesmo do fim biológico.
Reflexão sobre a morte
Para Wagner, evitar o tema da morte pode aumentar o sofrimento. Ela argumenta que falar sobre o fim da vida permite uma reconciliação com a realidade do tempo e das relações. “Refletir sobre a morte é também um exercício de reconhecer a própria existência”, conclui.