
A Comissão Processante da Câmara de Campinas ouviu nesta terça-feira (17) o vereador Vini Oliveira (Cidadania), acusado de quebra de decoro parlamentar após realizar filmagens dentro do Hospital Mário Gatti durante um plantão no feriado de Ano Novo. Em seu depoimento, Vini defendeu o ato de fiscalização, negou ter agido com agressividade e afirmou que o vídeo serviu como proteção diante das acusações. “Se eu não tivesse gravado um vídeo onde eu conseguisse provar que eu não proferi ofensas contra a denunciante, aonde eu estaria nesse momento?”, questionou.
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O caso teve início após denúncia da médica Daiane Copercini, que alega ter sido desacatada pelo parlamentar, que também teria acessado prontuários e exposto dados de pacientes em suas redes sociais, o que pode configurar violação à LGPD. Vini negou ter ofendido ou identificado a médica. “Eu não falei, doutora, a senhora não está trabalhando. Eu não falei isso. Eu não falei, doutora, a senhora é uma estelionatária. Eu não falei isso.”
Durante a oitiva, o vereador afirmou que cumpria seu papel de fiscal do poder público, conforme previsto na Constituição e na Lei Orgânica. “A partir do momento que estou no exercício de minha função, cumprindo até o artigo 31 da Constituição, [...] eu devo, sim, adentrar nas unidades de saúde e constatar as coisas que acontecem.”
Ele também negou qualquer tipo de invasão. “Eu não invadi nenhum consultório. Eu não bati nenhum consultório. Eu não chutei nenhum consultório para entrar. [...] Ele me chamou para entrar no consultório dele”, afirmou ao citar outro profissional da unidade.
Vini também declarou ter mantido educação no contato com os servidores. “Em momento algum, eu faltei com educação, até com a própria doutora Daiane. Eu peço até desculpas para a doutora Daiane, se ela acha que eu faltei com educação com ela.”
Apesar de afirmar que aprendeu a buscar outras formas de atuação parlamentar, o vereador voltou a defender a fiscalização direta. “A fiscalização deve existir, a fiscalização precisa acontecer, sim.”
Segundo ele, o vídeo contribuiu para evidenciar problemas e separar quem atua corretamente daqueles que prejudicam o sistema. “Tenho a certeza de que quem não deve não teme. Então, de certa forma, muitos médicos ficaram do meu lado, muitas médicas ficaram do meu lado. A enfermagem, em grande parcela, acredito, ficou do meu lado, porque a enfermagem sabe também o que passa. [...] Os bons trabalhadores, que, inclusive, pelos ruins, são responsabilizados.”
Vini foi o último a ser ouvido nesta fase da comissão. Também prestaram depoimento três testemunhas indicadas por sua defesa: José Roberto Mecherino Andrade, Rafael Silva do Prado e Henrique Madson Berteli Eloy. A CP é presidida por Mariana Conti (PSOL), com relatoria de Nelson Hossri (PSD) e participação de Nick Schneider (PL).
A comissão deu prazo para a defesa apresentar as alegações finais até o dia 26 de junho e já deixou estipulado que o parecer da apuração será apresentado no dia seguinte, dia 27, que poderá recomendar a cassação ou absolvição do vereador. Para que o mandato seja cassado, são necessários 22 votos favoráveis entre os 33 parlamentares da Câmara.