DOENÇA

Tire 6 dúvidas sobre lipedema

Por Da Redação |
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Há vários graus de lipedema; consulte um médico em caso de sintomas
Há vários graus de lipedema; consulte um médico em caso de sintomas

Junho é o mês de conscientização sobre o lipedema e cerca de 10% das mulheres no mundo vivem com a doença, segundo estimativa do Instituto Lipedema Brasil. No Brasil, são mais de 5 milhões de pacientes com sintomas como acúmulo de gordura desproporcional nos membros inferiores, dor crônica, hematomas frequentes e dificuldade para perder gordura nas pernas e quadris. A condição crônica só passou a ser reconhecida oficialmente pela Classificação Internacional de Doenças (CID-11) em 2022, o que ajuda a explicar por que tantas mulheres ainda convivem com sintomas sem diagnóstico ou tratamento adequado.

Esse foi o caso da jornalista Tamara Lopes, 33 anos, que desde a adolescência convivia com o incômodo nas pernas e nos braços. Mesmo com alimentação saudável e rotina de treinos, ela sentia as pernas pesadas, notava hematomas frequentes e achava que tudo era culpa do seu corpo ou falta de esforço. A autoestima foi duramente afetada ao longo dos anos, com insegurança para usar roupas curtas e frustração constante por não enxergar resultados. Em 2024, após encontrar relatos semelhantes nas redes sociais, buscou avaliação médica e recebeu o diagnóstico. Desde então, passou a seguir uma dieta cetogênica, cortou glúten e açúcar, e manteve uma rotina constante de treinos.

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“Por muito tempo, eu achava que era culpa minha, que não estava me esforçando o suficiente, o que abalava muito meu emocional. O diagnóstico pode assustar no começo, mas entender nosso próprio corpo é o primeiro passo para cuidar dele com mais carinho e consciência. Com informação, apoio e autocuidado, é possível viver com mais leveza e autoestima”, relata.

A seguir, a médica clínica e nutróloga Dra. Fernanda Vasconcelos, do Instituto Qualitté, responde cinco perguntas frequentes sobre o tema.

1) O que é lipedema e quais são os sintomas mais comuns?

É uma doença crônica e inflamatória, de origem genética, que causa acúmulo anormal de gordura nas pernas, coxas, quadris e, em alguns casos, nos braços. A gordura se acumula de forma simétrica e está associada a dor, sensibilidade ao toque, inchaço, retenção de líquido e hematomas. Os nódulos de gordura não desaparecem com dieta ou atividade física e são palpáveis e dolorosos.

2) Qual a diferença entre lipedema e obesidade?

Apesar de provocar aumento de volume corporal, o lipedema não está relacionado apenas à alimentação ou ao sedentarismo. Ele envolve alterações no tecido adiposo e na circulação linfática. Por isso, a perda de peso com dieta e exercício costuma ocorrer no abdômen, mas não nas pernas e quadris.

3) Quais são as formas de tratamento para o lipedema?

O tratamento se baseia em cinco pilares principais:

Dieta anti-inflamatória rica em fibras
Exercícios físicos regulares
Drenagem linfática 2x/semana 
Terapia hormonal
Bioestimuladores de colágeno com subincisão local, para tratar retrações de fibrose e celulite nos casos mais graves

4) O aspecto emocional também é afetado?

Sim. O lipedema impacta diretamente a autoestima. Muitas mulheres enfrentam julgamentos, privações e frustração por não conseguirem melhorar a aparência das pernas com métodos tradicionais. O acompanhamento psicológico é indicado para lidar com esse desgaste emocional.

5) O tratamento precisa seguir todas essas etapas ao mesmo tempo?

Sim. Quando um dos pilares é ignorado, os resultados são comprometidos. A combinação das cinco frentes é fundamental para que o tratamento seja eficaz e duradouro.

6) Qual o papel da alimentação no controle do lipedema?

A alimentação é uma das frentes mais importantes no controle do lipedema. Dietas anti-inflamatórias, com baixo consumo de açúcar, glúten e ultraprocessados, ajudam a reduzir os nódulos de gordura inflamada e a melhorar a circulação. O intestino tem papel central nesse processo, quando há disbiose ou permeabilidade aumentada, o corpo inteiro sofre uma sobrecarga inflamatória, o que repercute nas pernas.

Por isso, além da dieta rica em fibras, vegetais e antioxidantes, é importante avaliar a saúde intestinal e, quando necessário, incluir suplementos ou probióticos sob orientação. Não se trata de emagrecer, e sim de reequilibrar processos que influenciam diretamente a dor, o inchaço e a resposta do organismo ao tratamento.

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