
Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, identificaram um animal multicelular capaz de sobreviver integralmente sem oxigênio. O organismo, denominado Henneguya salminicola, é um parasita que habita os tecidos de peixes como o salmão. A descoberta altera a compreensão atual sobre a dependência do oxigênio na vida multicelular.
Saiba Mais:
- Novo papa adota nome de Leão 14 e pede a paz no mundo
- Tempo firme e calor comandam dia quente em Piracicaba
O estudo, liderado pela pesquisadora Dayana Yahalomi, revelou que o parasita não possui genoma mitocondrial, estrutura considerada essencial para a respiração aeróbica. Sem esse componente genético, o H. salminicola não realiza o metabolismo baseado em oxigênio.
Análises indicaram que o parasita apresenta organelas derivadas das mitocôndrias, mas adaptadas para atuar em ambientes anaeróbicos. Essas organelas possuem estrutura distinta de outras espécies próximas, o que aponta para um processo evolutivo específico.
Comparações foram feitas com o Myxobolus squamalis, outro parasita da mesma família, que ainda preserva o genoma mitocondrial. A diferença sugere que a adaptação observada no H. salminicola não é comum entre parasitas semelhantes.
Os pesquisadores interpretam esse caso como resultado de uma redução genética significativa. O parasita teria origem em ancestrais aquáticos móveis e, ao longo do tempo, perdeu partes de seu material genético, mantendo somente o necessário para o parasitismo.
Embora não represente risco direto à saúde humana, a presença do H. salminicola nos peixes pode afetar a aparência dos hospedeiros, gerando impacto econômico para o setor pesqueiro. O entendimento do seu metabolismo pode contribuir para o desenvolvimento de métodos de controle mais eficazes.
A pesquisa também levanta hipóteses sobre a possibilidade de vida multicelular em ambientes extremos, inclusive fora da Terra. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).