Um farrapo usado como rede, tacos soltos em um ginásio e ferrugem em traves são encontrados em áreas esportivas de Piracicaba.
Os locais, que deveriam incentivar a prática de atividades físicas e o convívio social, estão se transformando em símbolos gritantes de caos estrutural. E o problema, como denunciam os frequentadores, não é recente.
Um passeio rápido por esses espaços públicos já revela o estado alarmante de deterioração. No Castelinho, uma quadra foi tomada por pessoas em situação de rua. Na Área de Lazer do Trabalhador, os campos gramados estão esburacados, acumulam poças d’água e têm estruturas visivelmente comprometidas: tabelas de basquete sem aro, traves enferrujadas e instalações quebradas completam o cenário de negligência.
O Complexo Esportivo de Santa Terezinha, que abriga o ginásio Waldemar Giusti, expõe uma realidade ainda mais preocupante. O piso de madeira está se soltando e coloca em risco direto as crianças que frequentam o local para jogar futebol. Um escorregão, uma queda ou o deslize numa disputa de bola podem terminar com ferpas encravadas na pele — ou pior, atingir uma artéria e causar lesões graves, com risco de morte.
Na Área de Lazer do Piracicamirim, na rua Jorge Zöhlner, a precariedade salta aos olhos: aparelhos da academia da terceira idade estão quebrados, o campo tem buracos que ferem os pequenos jogadores e a rede de vôlei é um pedaço de farrapo improvisado com um material duro e furadinho. A vergonha é pública, visível até para quem apenas passa pela movimentada avenida Alberto Vollet Sachs.
“Passo diariamente pelo local e sinto vontade de arrancar aquela porcaria com as próprias mãos”, desabafa o corretor José Nilton Alessandro Leite, 55, morador do Jardim Noiva da Colina. A balconista Andréa Freitas Carmignani, 37, que joga vôlei ali, compartilha a frustração. “Gosto de esportes e de frequentar o parque, mas apesar da vergonha de jogar com essa rede improvisada, a paixão fala mais alto. Ainda assim, lamento esse descaso.”