Um estudo recente do Imperial College London traz um alerta importante: ter pesadelos regularmente pode ser um indicativo precoce de declínio cognitivo futuro. A pesquisa revelou que adultos saudáveis na meia-idade que sofrem com pesadelos semanais apresentam uma probabilidade quatro vezes maior de desenvolver problemas de cognição na década seguinte, quando comparados àqueles que raramente têm sonhos ruins. Essa ligação significativa também foi observada em idosos, onde o risco de demência se mostrou duas vezes maior.
Veja também:
Um aspecto crucial da pesquisa é que essa associação entre pesadelos e declínio cognitivo persistiu mesmo após os cientistas considerarem fatores genéticos e biomarcadores, sugerindo que os próprios pesadelos podem desempenhar um papel relevante nesse processo, independentemente da predisposição hereditária.
A ciência ainda busca entender completamente a conexão entre pesadelos e a deterioração das funções cerebrais. Uma das teorias é que os pesadelos podem ser um sintoma do Transtorno Comportamental do Sono REM, uma condição que frequentemente precede a demência em muitos anos e se caracteriza por "sonhos angustiantes". Outra hipótese considera que os pesadelos prejudicam a qualidade do sono, o que, por sua vez, impacta negativamente a saúde do cérebro. Estudos anteriores já demonstraram que um sono fragmentado entre os 30 e 40 anos pode dobrar o risco de problemas de memória e cognição dez anos depois.
Apesar das evidências sugerirem uma ligação preocupante, é fundamental ressaltar que ter pesadelos ocasionais não significa, necessariamente, que a pessoa desenvolverá demência. Os pesadelos frequentes devem ser vistos como um sinal de alerta que merece atenção e acompanhamento, especialmente se vierem acompanhados de outros sintomas.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais estudos para aprofundar a compreensão da intrincada relação entre pesadelos, distúrbios do sono e o declínio cognitivo, com a realização de exames específicos.
Diante de pesadelos frequentes, a recomendação inicial é investir em uma boa higiene do sono, evitando eletrônicos antes de dormir, estabelecendo horários regulares para deitar e dormir, e criando um ambiente propício ao descanso. Em casos persistentes, procurar orientação médica é essencial para avaliar a possível existência de um distúrbio do sono subjacente e receber o tratamento adequado para aliviar os sintomas.