ARTIGO

Europa-OTAN e Rússia às margens do caos


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É cada vez mais difícil encontrar uma visão clara sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. O que parecia ser verdade há apenas três meses já não se sustenta hoje. As declarações se acumulam e mudam a cada instante. Propostas surgem e desaparecem em questão de dias. Afirmações que antes pareciam inquestionáveis, orientando o rumo da guerra por todos esses anos, se desintegraram de maneira abrupta nos últimos meses.

Atualmente, a palavra "paz", que antes era evitada a todo custo, circula com mais frequência entre os dois lados do Atlântico, embora cada parte tenha sua própria interpretação do que ela realmente significa. E essas interpretações são completamente discrepantes.

Normalmente, uma guerra termina de duas maneiras: com um acordo negociado entre as partes ou com a rendição de uma delas, sem negociação. Há três meses, a única narrativa aceitável era armar Kiev até o fim e esperar pela rendição da Rússia. Naquele momento, a paz só seria alcançada com a vitória de Kiev, e negociar significava, para muitos, entregar a vitória a Putin.

Hoje, no entanto, Washington adota uma postura completamente diferente: a ideia de que "a paz só pode ser alcançada com a vitória de Kiev" está sendo substituída pela abertura a negociações. Trump, que durante três anos foi considerado céptico ao expressar certas opiniões, agora diz que "é mais fácil lidar com Moscou do que com a Ucrânia", uma afirmação que começa a despertar alerta.

Essa mudança de perspectiva traz, de certa forma, uma esperança de que o sangue derramado possa cessar. Claro, há quem reaja negativamente, mas Trump foi direto ao expor o papel da Europa como vassala e de Zelensky como protegido. Ele afirmou, de maneira brusca, que os aliados europeus gastam muito pouco com sua própria defesa e que não vê razão para os EUA continuarem a financiar essa proteção. "Preparem-se, porque agora estou focado na América", declarou ele.

Após isso, quando o presidente ucraniano pediu apoio a Trump, rejeitando qualquer apoio a Moscou, foi expulso da Casa Branca. Agora, a Europa, percebendo que o EUA, seu "protetor" não estará mais ao seu lado.

A resposta que está sendo discutida é potencializar ao máximo o poder de defesa e ação da Ucrânia, transformando-a em um "porco-espinho de aço" (como disse Von der Leyen), enquanto a Europa também se prepara para armar-se ainda mais, com o lema de a paz só pode ser alcançada pela força.

Sinais claros indicam o afastamento de Washington da Aliança. O EUA, vendo a postura obstinada da Europa, pode ter chegado à conclusão de que um conflito futuro entre a Europa-OTAN e a Rússia é cada vez mais provável, e a grande nação Americana não quer mais se envolver, ou seja a Europa-OTAN que se lasquem (recentemente em comício na Casa Branca Trump destacou que a Europa ao criar a zona do euro prejudicou o poder do Dólar Americano). O fato é que a Ucrânia não fará parte da OTAN, segundo Trump, e agora está sendo negociada uma "dança macabra" sobre as "garantias de segurança" para uma Ucrânia neutra no período pós-guerra, algo que os EUA deixaram claro que cabe à Europa resolver.

Sob a forte liderança americana é possível que Kiev precise ceder o Donbass à Rússia, embora o presidente ucraniano (Zelensky), tenha alertado que nunca aceitará uma perda de território. A grande questão agora é o que aconteceria se, com a Ucrânia já na União Europeia, transformada pela Europa em um "porco-espinho de aço indigestível"?

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