PERSONA

'Piracicaba estava parada no tempo', diz Helinho

Por André Thieful |
| Tempo de leitura: 6 min
Arquivo/JP
O prefeito também fez uma análise do cenário encontrado na gestão pública
O prefeito também fez uma análise do cenário encontrado na gestão pública

O prefeito de Piracicaba, Helinho Zanatta (PSD), completou pouco mais de um mês à frente da administração municipal. Em entrevista, ele detalha as primeiras ações do governo, como a reforma administrativa da Prefeitura e do Semae, o contingenciamento de 15% das despesas e a revisão de contratos. O prefeito também faz uma análise do cenário encontrado na gestão pública, avalia a saúde financeira do município e comenta as estratégias para enfrentar desafios em áreas como saúde, educação, meio ambiente e desenvolvimento econômico.

O senhor assumiu a gestão municipal há pouco mais de um mês, apesar do trabalho ainda estar no início, qual as suas primeiras impressões da administração? A impressão que tenho, junto com toda nossa equipe de governo, é que Piracicaba, infelizmente, estava parada no tempo. Realmente as coisas estavam enroladas e isso não é algo pontual. É um rolo generalizado, coisa que vem de anos e anos. Já tínhamos essa percepção, mas não tínhamos a dimensão exata do quanto complicada estava a situação da gestão pública.

Neste primeiro mês, quais ações o senhor considera que foram as mais importantes adotadas? O primeiro passo foi organizar a reforma administrativa da Prefeitura e Semae, nosso serviço de água e esgoto. Em seguida, começamos a trabalhar para implantar. Devido à situação financeira da Prefeitura e do próprio país, determinamos o contingenciamento de 15% das despesas, sem cortar serviços e atendimentos à população. Além disso, determinamos a revisão de contratos. Estamos mantendo os serviços e aos poucos imprimindo nosso ritmo de trabalho.

Sobre a estrutura do Executivo piracicabano, qual análise o senhor pode fazer de como recebeu a Prefeitura? A Prefeitura, não é de hoje e não quero aqui citar culpados, tem uma estrutura grande e robusta, no entanto, necessita de modernização, para ganhar um novo ritmo. Novas ferramentas que tragam agilidade, que facilitem pros próprios servidores públicos, mas em especial pra nossa população, devem ser implantadas. Além disso, temos em diversos setores um sucateamento de estrutura física, que agora começamos trabalhar para colocar em ordem, mas que demandará tempo e recursos. Assim como acontece com o Semae.

Como está a saúde financeira do município? A saúde financeira da Prefeitura inspira cuidados. Por isso estamos com atenção revisando contratos, determinamos o controle das despesas e sempre com olho na melhoria dos serviços ao cidadão, sem prejuízo a qualquer serviço que seja realmente necessário.

Neste primeiro mês, uma das suas medidas, foi o contingenciamento de recursos. Explique como isso funciona e porque houve essa decisão? Como gestor não podemos olhar somente o hoje, mas todo um retrato e também fazer uma leitura do que pode acontecer. No ano passado, para se ter uma ideia, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgou uma pesquisa sobre o pagamento do 13º salário para o funcionalismo público municipal e a situação fiscal dos municípios, o qual mostrou que 71,2% (3.186) dos prefeitos e prefeitas tiveram a crise financeira e a falta de recursos como o maior desafio de gestão nos últimos quatro anos. No início deste ano o primeiro repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) já apresentou queda. Além disso, a própria Prefeitura não tem recursos para qualquer investimento. Contingenciamento é uma reserva, uma prudência, seja para que o orçamento se equilibre, seja para que caso haja sobra, esse valor possa ser destinado para investimentos importantes para a cidade. Eu costumo dizer que o orçamento é uma previsão, que pode ou não acontecer, mas a despesa geralmente é fixa. Por isso temos esse ponto de atenção.

Sobre as licitações suspensas no início de mandato, quais critérios a Prefeitura adota para avaliá-las sobre sua viabilidade? Os critérios de avaliação são de viabilidade financeira e também de prioridades, análise de cada uma, diante dessa realidade que a cidade enfrenta, levando em conta também estudos jurídicos. Além disso, é uma forma de a Administração entender como realmente se encontra a gestão pública, avaliando pelo menos os principais pontos dessas contratações.

Por qual característica o senhor quer que a sua gestão seja conhecida e, em quanto tempo, acha que o perfil da sua gestão seja implementado? A nossa gestão será marcada por muito trabalho e isso creio que já esteja sendo implementado, pois quem me conhece ou frequenta o dia a dia da Prefeitura, sabe que eu lidero a equipe com exemplo de trabalho. A cara do empregado é a cara do patrão, um dia me ensinou um grande professor. E é isso que procuro passar a todos. Além disso, outro lema que adotamos é Fazer o que precisa ser feito! Enfrentar os problemas de frente! Não que sejam resolvidos de hoje para amanhã, mas precisamos começar e dentro das prioridades ir resolvendo.

 Rio Piracicaba. Como sua gestão pretende enfrentar problemas como a mortandade de peixes e a preservação dos recursos hídricos? O rio Piracicaba é um patrimônio de nossa cidade e é dever de todos nós protegermos ele. O que for de nosso papel e depender da gestão iremos fazer para isso. A questão da mortandade teve uma causa específica e esperamos que os responsáveis sejam de fato punidos. Mas temos que pensar no meio ambiente e na preservação dos recursos hídricos como um todo e isso nossa gestão fará.

Piracicaba está crescendo em população e economia. Como pretende atrair novos investimentos e gerar empregos na região? O primeiro passo que demos, possibilitado pela reforma administrativa, foi a implantação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, que traz um novo olhar para a geração de empregos e renda. Piracicaba tem uma economia forte. Mas iremos fortalecer ainda mais. A pasta tem uma visão mais voltada a atração de investimentos e apoio ao segmento produtivo. Enquanto isso a Secretaria de Emprego, Trabalho e Renda irá focar na formação profissional, para que os trabalhadores possam ter acesso às vagas do mercado e estejam qualificados.

Na área da saúde, quais ações o senhor vai priorizar pra agilizar o atendimento à população? A descentralização da saúde é a nossa principal meta, aliada a eficiência no atendimento. A nossa principal proposta é implantar as UBS (Unidades Básicas de Saúde) e levar saúde aos bairros e já estamos trabalhando para isso. Essa estruturação demanda tempo e recursos, mas já estamos atuando internamente para que isso possa acontecer.

Na educação, houve opção pela troca de um sistema de ensino pago por um oferecido pelo governo. O que motivou a mudança? O governo do Estado de São Paulo oferece esse sistema, que também é premiado, usado em cidades, como Osasco, Barueri e Ribeirão Preto, e isso a custo zero. A mudança visa a integração para que o aluno possa estar preparado quando for para a rede estadual.

Além do sistema de ensino, há previsão de construção de novas escolas na sua gestão? A construção de novas unidades educacionais depende da demanda educacional. Temos uma rede grande e muitas unidades estão em andamento, cujas obras foram iniciadas na gestão anterior, algumas estão com problemas, mas estamos trabalhando para resolver e concluir. Queremos colocar para funcionar o que já existe e, se precisar, com certeza iremos fazer novas unidades.

Para finalizar, qual será o maior legado que o senhor espera deixar ao final de seu mandato como prefeito de Piracicaba? Um governo que faz o que precisa ser feito. Uma gestão honesta, transparente e que pensa Piracicaba para o futuro de verdade. Nós viemos para desenrolar Piracicaba, seguimos fielmente esse compromisso e estamos trabalhando para isso. Podem ter certeza que em breve e daqui quatro anos teremos uma cidade melhor, onde as pessoas poderão notar esse compromisso em resolver os problemas.

Comentários

Comentários