
O discurso de posse do novo presidente norte-americano, Donald Trump, acende diversos alertas para a comunidade internacional, para toda a humanidade, para os próprios norte-americanos e também para nós, brasileiros e brasileiras.
Foi um discurso autoritário, supremacista, xenófobo, belicoso e contrário aos direitos humanos. Neste espaço fica até difícil mencionar todas as impropriedades ditas pelo presidente dos Estados Unidos, que se tornam ainda mais inadmissíveis quando se trata do homem que passou a comandar a maior potência econômica e militar do planeta e que detém um arsenal de armas nucleares capaz de destruir a terra.
Trump foi eleito pelas regras da democracia norte-americana, mas está longe de ser unanimidade em seu país. Na véspera da posse, uma grande manifestação percorreu avenidas de Washington para demonstrar a insatisfação de milhares de cidadãos contra seu programa de governo.
Durante serviço religioso realizado na terça-feira, 21 de janeiro, a bispa de Washington, Marian Edgard Budde, diante de Trump e olhando diretamente para ele, pediu ao mandatário misericórdia para com os imigrantes e com as pessoas da comunidade LGBTQOA+. Ela lembrou que os imigrantes pagam impostos, são trabalhadores, “bons vizinhos” e realizam serviços importantes nas casas das pessoas, nas granjas e em diversas outras atividades no país. É importante assinalar que a afirmação de que os imigrantes “tiram empregos” dos cidadãos norte-americanos não procede em larga escala, pois eles realizam justamente os trabalhos que os norte-americanos não gostam de executar.
Trump prometeu no seu discurso deportar “milhões e milhões” de imigrantes e retomar a construção do muro entre os Estados Unidos e o México. Já existem relatos de mais violência de patrulhas contra quem tenta atravessar a fronteira, que foi fechada para imigrantes ilegais e que terá reforço de tropas militares, segundo Trump. Em meio a essa crise, a presidenta do México, Claudia Sheibaum, disse que manterá uma reunião com o presidente Lula sobre a nova política migratória dos Estados Unidos.
O discurso do presidente dos Estados Unidos foi pontuado também por ameaças a outros países. Ele utilizou um decreto para renomear o Golfo do México para Golfo da América. Entretanto, essa parte do oceano não é propriedade dos Estados Unidos e banha outros países, como o México, a Venezuela e Cuba. Trump também ameaça retomar pela força o Canal do Panamá, que se tornou território deste país em 1990 e também quer se apossar da Groenlândia, território autônomo da Dinamarca. O governo do Panamá reagiu à ameaça, assim como a Dinamarca e União Europeia.
Outras medidas inacreditáveis vêm sendo tomadas. Os Estados Unidos foram retirados por Trump da Organização Mundial da Saúde, deixará ser participante do Acordo de Paris sobre a preservação do meio ambiente, sinalizando que o país pode ficar fora da COP-30, a mais importante sobre o clima, que se realiza em novembro na cidade de Belém, capital do Pará. Além disso, na contramão dos esforços internacionais para redução do uso de combustíveis fósseis, Trump anunciou que a diretriz de seu governo para o setor de energia é “perfurar, perfurar e perfurar”.
O novo governo já começou a praticar uma política tarifária para diversos países, elevando as taxas de importação, ao mesmo tempo em que declarou seu desprezo pelo Brasil e por toda a América Latina, dizendo que os Estados Unidos não precisam de nossos país. Essa declaração torna makis patética a romaria de parlamentares do PL e outros bolsonaristas aos Estado Unidos, onde acabaram sendo barrados na posse.
Em meio a tudo isso, uma notícia que muito nos alegra e orgulha: A produção brasileira Ainda estou aqui foi indicada para concorrer como melhor filme e melhor filme internacional na premiação do Oscar e nossa querida atriz Fernanda Torres disputará a estatueta de melhor atriz. O Brasil segue firme e forte sua trajetória para o futuro.
Professora Bebel é Deputada Estadual pelo PT e segunda presidenta da APEOESP