
Ao final do último ano, precisei de atendimento médico. Apesar da correria típica desse período, surpreendeu-me o movimento do hospital: não estava tão cheio quanto imaginei, apenas moderadamente movimentado. Durante o atendimento, o médico realizou o básico, de forma competente, considerando que o motivo da minha visita não era algo de extrema complexidade.
No entanto, o que realmente me motivou a escrever este artigo foi a atenção recebida de uma enfermeira. Em razão do procedimento necessário, permaneci por algumas horas no hospital, e nesse período fui testemunha de um atendimento absolutamente prestativo e dedicado por parte dessa profissional. Mesmo em pleno feriado, possivelmente cansada, ela estava completamente entregue ao ofício, demonstrando empatia e profissionalismo em cada interação.
Enquanto aguardava o término do procedimento, ouvi a enfermeira conversando com uma colega. Na conversa, ela expressava um sentimento de desvalorização, mencionando que, embora sempre estivesse disponível, atendesse imediatamente aos pedidos de troca de turno e fosse diligente, não recebia reconhecimentos significativos. Sempre que surgiam benefícios ou oportunidades, parecia que esses não lhe eram destinados.
Obviamente, não me intrometi na conversa. Contudo, fiquei refletindo: será que o gestor dessa profissional tem consciência da qualidade do atendimento que ela oferece? Terá ele conhecimento do impacto positivo que sua postura traz aos pacientes e à reputação do próprio hospital? Em um cenário mais amplo, quantas organizações falham em valorizar seus melhores colaboradores por não os observarem adequadamente?
Na maioria das vezes, não se trata apenas de remuneração – embora aumentos salariais sejam sempre bem-vindos. O que frequentemente motiva queixas são a falta de atenção, reconhecimento e feedback no dia a dia. O descuido com esses aspectos pode levar profissionais dedicados a se sentirem negligenciados, o que, em longo prazo, prejudica o clima organizacional e a produtividade.
Essa experiência me fez questionar até que ponto a rotina acelerada dos gestores e lideranças os impede de reconhecer e valorizar seus talentos. No ambiente corporativo, a valorização vai além de prêmios ou promoções; trata-se de criar um espaço onde os colaboradores se sintam vistos, ouvidos e reconhecidos pelo impacto de seu trabalho.
Portanto, fica o convite à reflexão para todos os gestores: você sabe quem são os seus melhores colaboradores? Mais do que isso, você tem mostrado a eles o quão importantes são para sua organização? Pequenos gestos de reconhecimento podem fazer uma diferença imensurável no engajamento, na satisfação e na permanência desses talentos.
Valorizar os bons é mais do que um gesto de justiça; é uma estratégia essencial para fortalecer equipes e assegurar o sucesso de qualquer empreendimento. Afinal, uma organização é tão forte quanto aqueles que, mesmo nos dias mais difíceis, entregam o melhor de si.
Roberta Capozzi Maciel é Advogada especialista em processo civil, processo do trabalho e direito imobiliário.