ARTIGO

Colher sem ter plantado, plantar sem poder colher


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Ah, a vida! Ela adora nos pregar peças, e o famoso "plantar e colher" é um dos seus truques favoritos. A metáfora do plantio e colheita, que parece tão simples e justa, às vezes se transforma em um verdadeiro quebra-cabeça. De um lado, temos os sortudos que colhem frutas sem nunca terem plantado um pé de feijão. Do outro, estão os esforçados jardineiros da vida, que plantam, regam, conversam com as plantinhas, mas, quando chega a hora da colheita... cadê? Ah, o destino deve estar dando boas risadas.

Essas dissonâncias são como aquele colega de trabalho que aparece do nada para pegar um café que você fez, sem mover uma palha. E, claro, tudo isso pode ser explicado por fatores complexos, como o "imponderável", aquela força invisível que tem mais curvas que uma estrada de serra e adora confundir nossas expectativas. Na lógica do imponderável, colher sem ter plantado e plantar sem colher fazem parte de um "equilíbrio universal" que, sinceramente, parece mais uma pegadinha do que qualquer outra coisa.

Comparar o plantio de sementes com as questões humanas é um tanto arriscado, afinal, a vida é uma roça cheia de surpresas. Imagine só: alguém nasce em berço de ouro, com uma genética de dar inveja, e colhe os frutos da vida sem precisar sujar as mãos. Enquanto isso, tem gente que rala dia e noite, só para perceber que a única coisa que cresceu foi a pilha de contas a pagar. Não parece muito justo, né? A expectativa de causa e efeito fica ali, olhando, completamente desiludida.

O tempo, esse senhor de barba longa e relógio no pulso, também adora se intrometer nessa equação. Quem planta boas sementes espera colher na mesma medida, mas, às vezes, o tempo disponível parece tão curto quanto o intervalo do almoço. E aí, adivinhe só: bate a frustração e aquele questionamento existencial sobre a justiça da vida. A lei de causa e efeito? Está mais para uma lei de Murphy, sempre preparada para dar um nó na cabeça da gente.

Superar essa dissincronia é como tentar descobrir o final da novela antes que o autor mude tudo. Requer uma boa dose de paciência e uma reavaliação sobre como percebemos o esforço humano e suas recompensas. Se conseguíssemos sincronizar o tempo direitinho, talvez tudo fizesse mais sentido. Mas, espere aí, já ouviu falar de carma? Aquele conceito oriental que nos lembra que nem todas as sementes são colhidas na mesma vida. E assim, vamos seguindo, com a esperança de que, pelo menos, nossos netos colham as frutas que plantamos.

Se o tempo fosse um reloginho suíço, essas dissonâncias talvez desaparecessem. Mas, sem elas, a vida perderia aquela graça de novela das oito. Culturas como a indiana, com sua aceitação do carma e uma estratificação social que daria um nó em qualquer sociólogo, mostram que dá para tolerar essa bagunça cósmica. Aceitar as injustiças da vida é como fazer as pazes com aquele colega que sempre pega seu café: no final das contas, é uma tentativa de encontrar paz em meio ao caos.

E a injustiça, de quem é a culpa? Em uma democracia, onde todo mundo tem direito a falar, mas nem sempre a ser ouvido, o resultado é uma mistura de paz social e uma insatisfação que varia conforme a maré. O contentamento humano é uma receita que mistura condições externas com uma boa dose de aceitação. Afinal, o plantio e a colheita raramente estão sincronizados, e a vida adora nos lembrar disso.

Ao analisarmos as situações pelo mundo, fica claro que plantar e colher vai muito além do trabalho braçal. Entramos no misterioso domínio do imponderável, onde tempo, sorte e forças invisíveis jogam seu próprio jogo. E assim, na hora de votar, plante seu voto em quem promete as melhores condições para sua liberdade, lembrando que o ciclo de plantar e colher não segue regras simples. No fundo, estamos todos imersos em um campo vasto e misterioso, onde a única certeza é que, de vez em quando, a vida vai nos surpreender... e nos fazer rir disso.

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