ARTIGO

Suas feridas têm a sua assinatura!


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Para muita gente ainda persiste a ideia de que compulsão ou dependência estão ligadas apenas às drogas como nicotina, álcool, cocaína, maconha, etc., porém, o assunto não se encerra nas substâncias químicas, mas também em muitas outras “situações” que ofereçam, paradoxalmente, algum tipo de satisfação ou prazer, como passar muito tempo em frente ao computador, comprar de maneira exagerada e até prejudicial financeiramente, desequilibrar-se na alimentação ou no sexo, frustrar-se quando não é elogiado, lembrado ou convidado para algo, além de tantos outros comportamentos que se chocam negativamente com os verdadeiros e saudáveis mecanismos de prazer e, então (infelizmente), vão se tornando incontroláveis, prejudiciais e até mortais porque a pessoa se sente invadida por um desejo (mais poderoso que ela) que, no início, gera realmente muito prazer, mas depois descarrega um enorme sentimento de tristeza, mal-estar, culpa, arrependimento e sensação de descontrole de si mesmo.

Por outro lado, as pessoas estão cada vez mais dependentes e apegadas, o que está gerando um caos emocional, causado pela falta de autoconhecimento e, consequentemente, de habilidade em romper com crenças limitantes “abastecidas” durante a existência. Uma das provas disso?  Prestem atenção ao conteúdo das músicas que fazem sucesso nas paradas, vídeos, novelas, à “profunda mensagem” de “reality shows”, programas de televisão; aos “heróis” que estão inspirando crianças, adolescentes e até adultos, além das mensagens divulgadas nas mais variadas mídias, inclusive mercadológicas. São nada mais nada menos que gritos de socorro, desespero e descontrole, buscando ressignificações e fazendo transferências, escondidas nos mais variados argumentos.

Vamos a outro exemplo: quando alguém diz que não pode viver sem determinada pessoa, deixa claro que sua sobrevivência está “nas mãos” daquela pessoa, ou... daquele vício, daquele apego, daquela dependência (química ou não!). Essas são as piores ilusões que a vida pode proporcionar a alguém e que precisa ser tratada e resolvida.

Quanto mais você depender e quanto mais você se apegar (de pessoas ou de qualquer outra coisa), entenda: mais você vai se escravizar e sofrer.

Infelizmente as pessoas não aceitam (por vários motivos) ou se dão conta de que algo está errado ou exagerado e não buscam ajuda, enquanto a situação vai se agravando, em qualquer tipo de problema.
Divido com vocês um texto maravilhoso de Osho: “O propósito da terapia é levá-lo ao ponto onde você possa ver a sua falta de naturalidade. O propósito é simplesmente torná-lo consciente de onde você está, do que fez a si mesmo – o mal que tem sempre causado e ainda está causando, as feridas que está criando em seu próprio ser. Cada uma das feridas tem sua assinatura – esse é o objetivo da terapia, fazer com que você se dê conta de sua assinatura; que as feridas levam sua assinatura, que ninguém mais as tem causado; que todas as correntes que o envolvem são criadas por você; que a prisão na qual você vive é obra sua. Ninguém a está fazendo para você.”

Este recado precioso de Osho nos ajuda a entender que optar pelo melhor está em nossas mãos. O livre arbítrio é um dos mais preciosos presentes que recebemos. A vida é uma grande viagem e, quando você faz uma viagem, certamente não gosta de levar muita bagagem, não é? Na sua vida também é assim. É inteligente eliminar bagagens desnecessárias. O mundo moderno está empurrando as pessoas para um destino cada vez mais perigoso, vazio e doloroso. Tenha coragem de iniciar o processo de vitória sobre seus medos (o maior causador de fracassos e problemas ao ser humano), seus traumas, compulsões, apegos, síndromes, insegurança e todos os problemas emocionais que tem aumentado o peso da sua bagagem ou te impedindo de transitar com intensidade, prazer e liberdade verdadeira esta linda (e rápida) viagem que estamos fazendo...

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