ARTIGO

Para que serve a história?


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Nas rodas de amigos é muito comum a pergunta: "para que serve a história?

A universalização do conhecimento é um dos pilares da evolução da sociedade. Nesse contexto, a resposta a essa questão só pode ser encontrada por meio de um raciocínio lógico, que revela como nossa sobrevivência foi moldada por descobertas feitas em meio à desordem e às inquietações que tornaram o mundo um lugar perigoso. Somente pela compreensão profunda dos acontecimentos do passado podemos olhar para o futuro com clareza e prever seu significado.

Grandes descobertas funcionaram como ponto de apoio e orientação, permitindo o registro de novos eventos e servindo como guias para melhorar as condições de vida e evitar erros frequentemente cometidos. Foi nesse processo que a ciência se consolidou como método essencial para oferecer maior eficiência e conforto à humanidade.

Um exemplo da nossa narrativa é do historiador francês Fernand Braudel, que escreveu o livro “História, a Medida do Mundo” durante sua prisão em um campo de concentração na Alemanha, em 1944. Apesar do contexto trágico, Braudel apresentou uma nova abordagem para narrar os acontecimentos, voltada ao homem comum, mas com uma visão ampla e moderna sobre as transformações sociais.

Outro exemplo é do escritor napolitano Antonio Scurati, que, em seu trabalho “L'uomo della Provvidenza”, analisa a figura de Benito Mussolini, criador do fascismo italiano. Obra fundamental para compreender o regime que levou a Itália à destruição durante a Segunda Guerra. No Brasil, contemporaneamente, Plínio Salgado reproduziu o modelo italiano ao fundar o Integralismo, uma versão tupiniquim do fascismo. Décadas depois, essa ideologia foi ressuscitada pela doutrina de Olavo de Carvalho, sendo assimilada pela família Bolsonaro e seus seguidores, com graves consequências para o cenário político nacional.

Outro exemplo marcante é o testemunho de Leone Ginzburg, jornalista, escritor, professor e ativista político antifascista italiano. Herói da resistência contra o fascismo, Ginzburg foi torturado e morto por sua luta. Pouco antes de sua morte, escreveu uma nota para sua esposa, Natalia Levi:

"Olá, meu amor, minha ternura. Dentro de poucos dias será o sexto aniversário do nosso casamento. Como e onde estarei nesse dia? Em que estado de espírito estarás então?"

Esses exemplos históricos são protagonizados por pessoas em contextos diversos, muitas vezes ignorados por falta de interesse ou compreensão. O poder persuasivo de ideologias milicianas cria um fascínio superficial que frequentemente seduz o povo. Ainda enfrentamos o desafio de educar a sociedade para que tais tragédias não se repitam.

Estamos em um tempo em que as redes sociais abriram canais de diálogo que produzem tanto informação quanto desinformação. Isso exige da sociedade uma capacidade crítica para distinguir uma da outra e evitar erros fatais.

As recentes notícias de tentativas de golpe contra a democracia brasileira, utilizando-se do terrorismo, forças militares especiais e manipulação de massas, trazem à tona o quanto estamos vulneráveis as tragédias. Torna-se imperativo incentivar a leitura e a reflexão. Ataques à cultura e à ciência, orquestrados por Olavo de Carvalho e acolhidos pela família Bolsonaro, motivaram pessoas e grupos a atacarem instituições. Exemplos incluem os eventos de 8 de janeiro, planos de assassinato de autoridades, a colocação de explosivos em um caminhão de combustível próximo ao aeroporto de Brasília e a tragédia de um militante que explodiu a própria cabeça em frente ao Supremo Tribunal Federal.

Esses episódios expõem o grau de perigo a que nossa sociedade está submetida. É urgente que se mantenha atenção máxima, evitando enganos por uma repetição de fatos que a história já revelou.

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