PUNK BRASILEIRO

Bandas de Piracicaba gravam de coletânea em tributo ao Inocentes

Por Da Redação | Jornal de Piracicaba
| Tempo de leitura: 3 min
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Artistas gravaram clássicos de uma das bandas precursoras do punk brasileiro; coletânea teve aprovação de Clemente Nascimento, lendário líder do Inocentes
Artistas gravaram clássicos de uma das bandas precursoras do punk brasileiro; coletânea teve aprovação de Clemente Nascimento, lendário líder do Inocentes

As bandas piracicabanas Invasores, Cigana Nochy e Selvagens Histórias participam de dois tributos que serão lançados nesta segunda-feira (9), à banda Inocentes, uma das mais importantes da história do punk brasileiro. Os materiais, idealizados pela Fábrica Mutante de Cultura, estarão disponíveis em diferentes plataformas de streaming, e são intitulados “Miseráveis & Esfomeados: um tributo Mutante aos Inocentes” e “Em SP... Continuamos em Pânico”.

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Outra banda da região, a Ponto50, de Santa Bárbara d´Oeste, também participa. Outros grupos de diferentes estados brasileiros também completam a coletânea. O objetivo, segundo os organizadores, é reviver o espírito contestador e revolucionário dos álbuns Miséria e Fome (1983) e Pânico em S.P. (1986), dois marcos da banda e da cena punk nacional, cujas músicas enfrentaram censura durante o período de ditadura no Brasil.

Os tributos trazem não só a releitura das músicas, mas também um reencontro com questões políticas e sociais que a banda aborda em suas letras. “Ao mesmo tempo que eu falava com o Renan, da banda Cigana Nochy, escrevia para o Kike Crazyland, e me lembro de falar para os dois praticamente ao mesmo tempo: temos que fazer um tributo aos Inocentes. Propus que fizéssemos o primeiro disco, mas logo percebemos que a banda merecia algo maior, juntamos os álbuns Miséria e Fome e Pânico em S.P.”, diz Ricardo Drago, organizador da coletânea e fundador da Mutante Rádio.
Músicos de quatro regiões brasileiras participam do projeto e deixam suas marcas em cada gravação. Kike Crazyland aponta para uma diversidade de bandas, o que ele acredita ser imprescindível. “Além da renovação das obras compostas, existe uma atualização da linguagem dessas músicas e do público que passará a ouvir a banda”, opina.

Por tratar de questões sociais do contexto, o álbum Pânico em S.P. teve seu lançamento reduzido em um EP com quatro músicas. Na primeira tentativa de aprovação pela Censura Federal, a banda enviou 12 músicas e recebeu o carimbo de veto em nove delas. O músico e pesquisador Renan Costa de Negri, aponta que a censura foi um grande problema para as bandas do início do punk no Brasil
“A própria música Miséria e Fome, nome do primeiro disco, não foi aprovada em primeiro momento. A banda precisou burlar a censura por meio do reenvio das músicas em nome de outros integrantes e da mudança de parte da letra. Músicas como Tortura, Medo e Repressão; (Salvem) El Salvador; Vida Submissa; Não à Religião; e Promessas, foram censuradas. E não é de se espantar, afinal, a banda denunciava que a tortura, o medo e a repressão eram usados pela ditadura para destruir verdades”, diz Renan.

O material tem como objetivo resgatar o impacto cultural dessas músicas, e conta com o aval de Clemente Tadeu Nascimento, vocalista da banda Inocentes que foi convidado a ouvir as músicas antes do lançamento. “É muito louco pensar que em 1983 eu tinha 9 anos e o Clemente já estava tomando enquadro da polícia todo dia. Ele me contou isso na conversa que tivemos quando fui mostrar o tributo”, diz Ricardo Drago. O lançamento acontece na segunda-feira (9). É possível ouvir os tributos pelas plataformas digitais de streaming Bandcamp, Spotify, Deezer, Apple Music, YouTube Music e Amazon Music.

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