Depressão: a perda de apetite sexual (libido) ou a redução do prazer sexual é um sintoma comum da depressão e a depressão é mais prevalente em pacientes com câncer do que na população sadia.
Um bom exame para descartar a depressão pode ser a parte mais importante da avaliação da disfunção sexual. Algumas pessoas que se apresentam com queixas de disfunção sexual se sentirão menos estigmatizadas (culturalmente, em relação à impotência ou falta de desejo) se isso for atribuído a algum problema médico físico (portanto, involuntário), do que se reconhecerem que estão deprimidas e fisicamente não têm nada que justifique a baixa de tesão.
As mudanças na imagem corporal podem interferir com o apetite sexual em algumas pessoas com câncer, e a repercussão dos tratamentos cirúrgicos, como por exemplo a mastectomia, tem sido exagerada e muito estimulada pelos valores culturais atrelados à estética corporal.
É preciso ser sensível aos problemas que comprometerão, sem dúvida, a autoestima do paciente. Às vezes, a mentalidade exclusivamente mecânica e técnica de alguns profissionais da saúde subestime os efeitos do aumento de peso, depois da quimioterapia para o câncer da mama, por exemplo, sobre a autoestima e sentimento de atratividade da mulher. A teoria da sobrevida deve ter em mente a qualidade do tempo vivido, mais que a quantidade.
Em relação à vida conjugal, as pressões emocionais do diagnóstico de câncer e da terapia continuada podem exacerbar as tensões matrimoniais, atuais ou subjacentes e isto, por sua vez, acaba afetando o desempenho sexual. O homem ou a mulher cuja relação não goza da estabilidade de um compromisso (casamento/namoro regular, por exemplo) costumam se deparar com o medo de ser rejeitado por um novo companheiro que saiba de sua história de câncer. Alguns pacientes evitam todas as relações por medo de serem rejeitados.
Um dos fatores de personalidade que pode influir para que o homem ou a mulher se mantenham sexualmente ativos, depois do câncer, são os conceitos pessoais da própria sexualidade, ou seja, como a pessoa vê sua própria sexualidade, de forma negativa, positiva, feia, bonita, etc. As mulheres com conceitos negativos da própria sexualidade teriam menos probabilidade de reassumir relações sexuais ou de ter uma boa performance sexual depois do tratamento para o câncer ginecológico. O bom ajustamento sexual depois do câncer depende dos sentimentos que a pessoa tem em relação à sua sexualidade antes da doença. Entretanto, esta é uma boa oportunidade para ajudar ao paciente a explorar tais sentimentos.
Tanto para os homens como para as mulheres, um dos problemas sexuais mais complexos e persistente é a falta de apetite sexual depois do tratamento de câncer. Nos homens com outros tipos de câncer que não o da próstata e que têm baixos níveis de testosterona sérica, sua administração por injeção ou por adesivos pode ser eficaz em restaurar a função sexual normal.
Com frequência a falta de apetite sexual é multifatorial, e sempre o método que inclui a avaliação e o tratamento psicológico pode ser ótimo. Um profissional experiente em saúde mental pode descartar ou confirmar um transtorno do humor como causa da perda do desejo sexual, pode explorar a interação de fatores dinâmicos das relações interpessoais do paciente, pode abordar melhor as eventuais perdas do bem-estar físico, alterações da sexualidade, da imagem corporal, etc.