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Investigação de execução no aeroporto tem 3 hipóteses; entenda

Por | da Folhapress
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Reprodução/Fotos Públicas
Segundo a polícia, Gritzbach era jurado de morte pelo PCC.
Segundo a polícia, Gritzbach era jurado de morte pelo PCC.

A investigação do assassinato do empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, 38, no Aeroporto Internacional de Guarulhos na última sexta-feira (8) tem três hipóteses principais para identificar os mandantes do crime. Elas seguem os grupos de suspeitos que poderiam ter interesse em sua morte: o próprio PCC (Primeiro Comando da Capital), policiais citados em sua delação premiada, ou a pessoa que entregou a ele joias avaliadas em R$ 1 milhão na viagem da qual ele voltava.

Leia também: Empresário jurado pelo PCC trazia R$ 1 mi em joias

Segundo a polícia, Gritzbach era jurado de morte pelo PCC. Ele era réu sob suspeita de ser um dos mandantes da morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, suposto chefe do PCC que contratava os serviços do empresário para lavagem de dinheiro, segundo investigação da Polícia Civil.

Um dos indícios contra ele era um depósito de R$ 10 mil na conta de um agente penitenciário chamado David. Esse agente penitenciário, segundo denúncia do Ministério Público, serviu de intermediário entre Gritzbach e Noé Alves Schaun, que teria executado Cara Preta em dezembro de 2021.

Uma investigação também apontou que a morte era fruto de "desavenças financeiras" entre os dois, e que US$ 100 milhões que pertenciam a Cara Preta teriam sumido após terem sido confiados a Gritzbach. O empresário negava ter participado do homicídio, mas admitia seu papel no esquema de lavagem de dinheiro.

No ano passado, Gritzbach foi denunciado por acusação de lavagem de dinheiro e financiamento de organização criminosa. Segundo denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ele teria usado dinheiro do PCC para comprar imóveis no condomínio Riviera de São Lourenço, em Bertioga, no litoral paulista.

A investigação da Promotoria diz que o dinheiro usado na compra dos imóveis era de Cláudio Marcos de Almeida, o Django, "notório integrante da facção criminosa armada e transnacional denominada Primeiro Comando da Capital", segundo a denúncia. Gritzbach teria inclusive indicado um tio e um primo seu como laranjas, cedendo seu nome para ocultar a propriedade de Django sobre os imóveis.

Entre março e abril deste ano, Gritzbach fez um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, que considerou que seus depoimentos corroboravam as acusações no caso de lavagem de dinheiro. Além disso, entregou documentos, como contratos e comprovantes de pagamento, que indicam uma suposta participação de criminosos do PCC na contratação de jogadores da elite do futebol brasileiro e mundial.

Policiais são investigados

Outra linha de investigação mira policiais que faziam sua segurança particular ou que tenham sido alvo de sua delação premiada. Como mostrou a Folha de S.Paulo, ao menos um delegado e dois investigadores da Polícia Civil de São Paulo foram implicados na delação de Gritzbach, que prometeu entregar áudios com provas contra eles.

Já os quatro policiais militares que o acompanhavam no dia do assassinato eram investigados pela Corregedoria da corporação havia um mês, segundo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. Há outros agentes sendo investigados no mesmo inquérito.

A mera atuação dos policiais como seguranças particulares é ilegal. Apesar de ter contratado uma equipe maior, Gritzbach estava acompanhado de apenas dois seguranças no momento em que foi atacado. Isso porque um dos carros em que a equipa viajava teria apresentado uma falha mecânica pouco antes do crime.

No fim de semana, a secretaria da Segurança confirmou que os policiais foram ouvidos em dois inquéritos em curso, um pela Polícia Civil e outro pela PM. Eles foram afastados das atividades operacionais. Os quatro tiveram seus celulares apreendidos pela investigação da Polícia Civil.

Entrega de jóias é considerada suspeita

Uma última hipótese investigada pela polícia é a uma suposta conexão entre as joias que ele recebeu durante a viagem que fez ao Nordeste e o crime. As joias eram avaliadas em R$ 1 milhão.

O valor, segundo a polícia, era parte de um pagamento de dívida. Quem entregou as joias a ele agora é tratado pelos investigadores do caso como suspeito.

Em entrevista à TV Band nesta segunda-feira (11), o antigo advogado de Gritzbach, Ivelson Salotto, sugeriu que o estojo das joias poderia ter algum tipo de dispositivo para rastrear a localização da vítima.

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