A maior barreira à própria cura não é a dor, a tristeza ou a violência infligida a nós quando crianças. O maior obstáculo é nossa capacidade contínua de julgar, de criticar e de causar um tremendo dano a nós mesmos. Se endurecemos nosso coração contra nós mesmos e confrontarmos nossos sentimentos mais ternos com raiva e condenação, estaremos simultaneamente protegendo nosso coração contra a possibilidade de gentileza, amor e cura.
Quando alguém nos machuca, em qualquer nível ou dimensão, a tendência é ficarmos constantemente pensando sobre aquele ato “imperdoável”. Alimentar o sentimento de injustiça, aceitar ser a vítima passiva em nada ajudará, pois essa atitude só tende a corroer por dentro. Esse ressentimento envenena a vida de qualquer um. E por mais difícil e doloroso que o dano possa parecer, existe apenas um antídoto, uma solução para resolver a questão: PERDOAR. Já disse em outros artigos que perdoar não é esquecer, mas é, acima de tudo, renunciar ao julgamento, à punição e, principalmente, ao ódio.
Diante das dores e feridas emocionais do passado, precisamos esquecer a crença equivocada de que você deve guardar rancor para evitar ser ofendido novamente. O rancor nos impede de ver claramente. Ele nos impede de deixar para trás o evento infeliz e esquecê-lo corretamente. Perdoar não significa fazer de conta que você não foi ferido. Significa simplesmente que você não permitirá que essa memória dolorosa envenene a sua vida.
Antes de direcionar todos os fuzis e canhões emocionais para o ofensor, é importante assegurar-se de que você conhece todas as circunstâncias que levaram a pessoa que te fez mal a agir daquela forma. Raramente nós vamos saber toda a verdade sobre essas coisas. Aquela pessoa pode estar em uma situação muito difícil. Então porque não lhe dar o benefício da dúvida? Não se trata aqui de banalizar atos repreensíveis, extremamente ofensivos ou até criminosos. É mais sobre ver o lado humano por trás dos erros e atitudes do outro. Se o contexto se aplica, pratique o seu perdão pensando que a pessoa que te machucou pode reagir de maneira sensata e convincente, se for confrontada em amor. Nas mesmas condições dolorosas você teria agido da mesma maneira? Esse exercício poderá ajudá-lo a transformar seu ressentimento inicial em um senso de entendimento.
Gestos ou atitudes que podem parecer normais para uma pessoa, tornam-se ofensivos e agridem outras pessoas de temperamentos diferentes. Não podemos esperar que as pessoas pensem em nós e sejam sensíveis às mesmas coisas que nós. Diferenças de interpretação são muito comuns. E é quando integramos essa realidade que nossa percepção do comportamento dos outros muda radicalmente. Quando percebemos que nossos colegas têm sensibilidade às vezes muito diferentes, aumentamos muito nossa capacidade de perdoar. Sim, pois ao mesmo tempo que podemos ser ofendidos pela rudeza dos outros, a nossa pode agredir tanto quanto ou até mais. Podemos ter feridos outros sem querer ou perceber, assim como eles podem ter nos ferido igualmente.
Dê os primeiros passos para a restauração e consequentemente cura. Após mal-entendidos, discussões ou danos mais graves, às vezes tendemos a esperar que o outro faça um gesto, afinal sentimentos que estamos certos. Se a pessoa que te ofendeu faz parte do seu ambiente de trabalho ou família, esse conflito tem o poder de dificultar a sua vida ainda mais. Por isso, é importante perdoar e dar os primeiros passos para a reconciliação.
Pode acontecer de um membro da sua família ou amigos o ofender severamente. E às vezes você destrói todas as pontes com ele por um tempo. Mas dê uma segunda chance para você e para ele. Porque condenar essa pessoa por toda a vida? O ato repreensível daquela pessoa pertence ao passado. Todos merecem uma segunda chance.
Mesmo perdoando e amando precisamos ser cuidadosos e cautelosos. Perdoar não significa permitir que outras pessoas abusem de você ou continuem lhe maltratando. Perdoar não quer dizer correr riscos desnecessários ou submeter-se a tratamentos desumanos ou vexatórios. Em certas circunstâncias, também é necessário proteger-se respeitando sua integridade e segurança, e isso pode significar até mesmo a denuncia de situações criminosas tanto na esfera civil como criminal. Mas é bom sempre lembrar-se que um pouco de perdão requer mais esforço do que uma grande vingança.
Vamos enfatizar o seguinte: você se machucou, e talvez não seja sua culpa, mas depois de um tempo se esse mal continua a morder você, agora já é sua culpa. Resista a tentação de vingança, pois essa faria de você uma vítima maior e por outro lado o perdão sempre pode fazer de você uma pessoa muito melhor!
Com carinho, Fabiane Fischer.
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