ARTIGO

Anjos e demônios


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A crença em seres espirituais permeia o pensamento de todos os tempos, tanto que a existência de entidades extrafísicas e sua comunicação com os humanos têm sido objeto de apreciação das mais diversas tradições religiosas e espiritualistas.
A própria Bíblia é repleta de relatos de aparições, anunciações, revelações e contatos dos mais diversos tipos de entidades espirituais. Alguns desses seres se revelaram portadores de elevadas mensagens, rotulados muitas vezes de anjos; outros, de natureza inferior e de atuação maléfica, foram chamados de demônios, em meio a outras designações.
A interação entre as dimensões da vida sempre foi objeto de instrução e mesmo de advertências para os seguidores das religiões. Algumas proibiram aos seus adeptos os contatos ordinários entre o plano material e o espiritual, tendo como motivo, dentre outros, evitar o uso indevido das comunicações para satisfazer interesses mesquinhos e egoístas, como costumava ocorrer. Outras tradições reservavam as comunicações aos membros mais avançados e devidamente preparados – iniciados nos mistérios sagrados –, vedando-as à população em geral.
Ao longo da história da humanidade, apesar das tentativas de restrição impostas por líderes religiosos, milhões de indivíduos têm experimentado contatos, sejam ostensivos ou sutis, entre as dimensões da vida como parte de suas experiências pessoais. O assunto, vasto e complexo, conta atualmente com uma rica bibliografia, capaz de esclarecer e orientar com segurança qualquer pessoa portadora de algum tipo de sensibilidade parapsíquica ou que se interesse por esse que é fascinante tema da vida.
Buscando exemplos elucidativos acerca do assunto, podemos citar o episódio da transfiguração de Jesus no monte Tabor, relatado nos Evangelhos, no qual os discípulos Pedro, Tiago e João testemunharam a aparição de Moisés e Elias, os quais conversavam com Jesus. Não eram eles anjos nem demônios, mas dois homens que haviam morrido e, havendo voltado do Além, dialogavam com o Mestre. Esse simples exemplo nos parece mais eloquente do que qualquer discurso ou teoria sobre o assunto. Livros religiosos e espiritualistas das mais diversas vertentes contêm relatos análogos a esse, tecendo comentários e explicações sobre os mesmos.
As próprias religiões, desde sua origem, sempre foram permeadas de fenômenos transcendentes, dentre os quais as comunicações com seres espirituais. Visões, diálogos, profecias, sonhos, curas, advertências e ensinamentos atestam de modo inequívoco a intervenção de forças supra-humanas nas referidas experiências. Interessante que fenômenos análogos sempre ocorreram, igualmente, fora dos ambientes religiosos e desvinculados de crenças específicas, atestando sua universalidade.
Diversas instruções espirituais têm afirmado que, graças ao amadurecimento consciencial de parcela significativa da humanidade e aos avanços científicos e tecnológicos, encontramo-nos em uma fase na qual se torna necessário desmistificar os fenômenos espirituais, despojando-os de tudo o que possa dar lugar a temores ou superstições, permitindo que se tornem meios de instrução e auxílio espiritual.
Parece-nos importante submetermos as experiências de natureza transcendente, dentre as quais possíveis comunicações entre as dimensões da vida, à advertência de Jesus: “Conhece-se a árvore pelos seus frutos”. Qualquer que seja o fenômeno, portanto, observemos seus frutos, selecionando aqueles que alimentam a vida anímica e favorecem a educação, libertação e felicidade das criaturas.

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