Rubinho Vitti
Nos últimos anos, a popularização das apostas online, especialmente por meio de plataformas como as “bets” e o infame “jogo do tigrinho”, tem gerado um impacto devastador na sociedade brasileira.
O vício em jogos de azar não é apenas uma questão de responsabilidade individual; é um fenômeno social que afeta profundamente relacionamentos e famílias.
Enquanto isso, influenciadores, artistas e celebridades, como Deolane Bezerra e Gusttavo Lima, contribuem para a disseminação dessa cultura perigosa, levantando questionamentos éticos sobre sua responsabilidade social.
Deolane Bezerra, influenciadora e advogada, ganhou notoriedade não apenas por sua carreira, mas também por suas polêmicas ligadas ao mundo das apostas online. Recentemente, ela foi presa devido a sua associação com essas plataformas, um reflexo da gravidade do envolvimento de figuras públicas com jogos de azar.
Por sua vez, Gusttavo Lima, um dos cantores mais populares do Brasil, tem promovido as apostas online em suas redes sociais, atraindo milhões de seguidores. Ele foi indiciado, mas não chegou a ser preso e, em sua defesa, diz que não fez nada “criminoso”. Mas será que é só sobre crimes que estamos tratando sobre essa questão?
Embora amparadas por uma presunção de inocência judicial, promover os jogos online é moralmente questionável.
De acordo com uma reportagem da BBC Brasil, os danos causados pelo vício em apostas online são alarmantes e estão não apenas destruindo relacionamentos, mas também provocando dívidas insustentáveis. Famílias estão se desmoronando, com cônjuges vendendo propriedades, acumulando dívidas e, em casos extremos, buscando ajuda de agiotas para cobrir suas perdas.
O apelo das bets, que transformam cada detalhe de um evento esportivo em uma oportunidade de lucro, explora a paixão do povo brasileiro pelo futebol, seduzindo principalmente aqueles que já vivem em situações financeiras vulneráveis.
A promessa de um ganho fácil é uma armadilha que atrai indivíduos, muitas vezes os mais desprotegidos, para um abismo de dependência.
Deolane Bezerra e Gusttavo Lima, ao se associarem a essas plataformas, estão, indiretamente, validando um comportamento que já causa estragos irreparáveis na vida de muitas pessoas. A imoralidade dessa promoção se agrava pelo fato de que as apostas não são uma mera diversão; elas são uma forma de exploração que se aproveita das fraquezas humanas.
Os especialistas alertam que a atração pelas apostas online é alimentada por uma combinação de fatores, incluindo a necessidade de escapismo e a busca por uma solução rápida para problemas financeiros. Infelizmente, as consequências raramente são tão simples quanto parecem.
Ao invés de promover as apostas online, influenciadores e celebridades poderiam utilizar sua influência para educar e alertar sobre os riscos associados ao vício em jogos de azar. É hora de fazer uma reflexão profunda sobre o que significa ser uma figura pública em um mundo onde as consequências das ações podem ser devastadoras para muitos.
Não há muito tempo, pessoas célebres, quando escolhiam as empresas para as quais estavam vendendo suas imagens geralmente procuravam as que mais combinassem com sua personalidade e que fossem lícitas e moralmente corretas. Não é o que parece que está acontecendo no momento. Ou é?
A divulgação de jogos de azar online por influenciadores e celebridades é um reflexo de valores distorcidos que priorizam o lucro em detrimento do bem-estar social.
Enquanto Deolane Bezerra e Gusttavo Lima continuam a promover as apostas, a sociedade precisa se unir para combater esse problema que, em última análise, destrói famílias e arruína vidas.
A mudança começa com a conscientização e a responsabilidade de todos, especialmente aqueles que têm o poder de influenciar.