ARTIGO

Ansiedade Climática ou Ecoansiedade


| Tempo de leitura: 4 min

Céu cinzento e altas temperaturas é uma realidade que passou a fazer parte do dia a dia da população, os Brasileiros no último mês, com o agravamento dos incêndios em todo o país, o clima muito mais seco do que o que estamos habituados, tomando conta de todos os estados do Brasil. O INMET (Instituto nacional de meteorologia) emitiu um alerta laranja de perigo para baixa umidade em doze estados em nosso país, com níveis de 12% e 20%, e São Paulo foi a cidade em destaque no ranking, com o ar mais poluído do planeta na ocasião.
 Essa condição, já promove sintomas físicos e aumenta os riscos à saúde da população, e tem impactos significativos na saúde mental da população. O fenômeno ficou conhecido como ‘’ansiedade climática ou ecoansiedade’’, condição caracterizada por sentimento de impotência, angustia, mal-estar e medo em relação a mudanças do clima. Essa seca produz uma sensação de impotência muito forte e esse sentimento de desesperança pode, em muitos casos, evoluir para um quadro depressivo grave, de ansiedade generalizada, melancolia constante.
 No Brasil, mais de 60% dos jovens com idades de 16 a 25 anos relatam suas preocupações com os efeitos das mudanças climáticas, segundo um estudo realizado no ano de 2.021 por pesquisados europeus, apontando que se não houver medidas restauradoras para o meio ambiente a situação pode ficar ainda pior. Pesquisa realizada na universidade de Stanford, nos estados unidos, relacionou poluição com o estado emocional das pessoas, utilizando modelos estatísticos, os cientistas tentaram entender como a má qualidade do ar afeta dois indicadores ao estado mental individual; a excitação (nível de ativação fisiológica) e a valência (positividade ou negatividade do humor), e entre os resultados descobertos, está o de que há uma relação que indica que nos dias de poluição maior que o nível normal, o nível de excitação das pessoas era menor, e ao mesmo tempo, em dias de menos poluição, os indivíduos se sentiam mais animados. 
A pesquisa ainda apontou que algumas pessoas são mais sensíveis que outras, mostrando necessário tratar essa relação como algo individual. De acordo com a organização mundial da saúde (OMS), 90% da população mundial respira o que não atende aos padrões de qualidade do ar habitável e que diante de eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, queimadas e enchentes, caracterizam a população angustias relacionadas ao meio ambiente, incorporadas ao dicionário de Oxford e é definido pela associação americana de psicologia como ‘’medo crônico da catástrofe ambiental’’. Como o terceiro pais que mais utiliza redes sociais no mundo, esse tipo de preocupação pode ser intensificado no ambiente digital, que se alimentar constantemente as informações falsas e verdadeiras pode gerar um estresse aumentado. 
Ainda é possível evidenciar que há indivíduos que são naturalmente mais vulneráveis que outros a esses impactos psicológicos, principalmente se já estiverem mais fragilizados emocionalmente ou histórico de enfrentamento de situações de estresse intenso em sua vida. Para as pessoas que já apresentaram quadros de depressão, ansiedade, consumo de drogas ou dificuldade de relacionamento, tem maior chance de sofrer com a ansiedade climática, e nessas circunstancias, a crise ambiental pode agravar o estado mental dos indivíduos. 
Esses quadros estão tornando-se cada vez mais comuns, acompanhando as mudanças e tragédias do clima ao redor de todo o mundo, estamos vivendo temperaturas extremas, queimadas no Brasil e outros eventos climáticos severos e por serem incontroláveis, esses fenômenos geram uma sensação ainda maior de desamparo. Embora não exista uma formula para resolver o problema, alguns hábitos podem contribuir para prevenir e tratar a ansiedade climáticas, como a pratica de atividades físicas, meditação, manter uma alimentação equilibrada, cuidar do sono e limitar o uso de redes sociais são estratégias recomendadas, pois mesmo durante esse período de seca intensa, se for possível fazer exercícios, como caminhadas, com bastante hidratação, já facilita bastante. Além de alterações no estilo de vida, é importante buscar apoio psicológico para quem enfrenta sintomas de ansiedade climática.
 O Caps (Centro de Atenção Psicossocial) é um exemplo de serviço de saúde pública que oferece suporte psicológico em mais de duas mil unidades espalhadas pelo Brasil, com profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podendo ajudar as pessoas que estiverem sofrendo esse tipo de estresse, ou é claro com a opção individual de buscar por profissionais da própria confiança para superar essa fase.
Ana Carolina Carvalho Pascoalete

Comentários

Comentários