PERNSONA

‘Aquarela é minha forma de expressão', diz Luiz Gobeth Filho

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 5 min

Considerado um dos precursores do estilo aquarela em Piracicaba, o arquiteto e pintor Luiz Gobeth Filho foi homenageado na última sexta-feira (27) com uma exposição dedicada à sua obra, montada na EEP (Escola de Engenharia de Piracicaba). A exposição “Gobeth: Um Paisagista da Alma” reuniu 24 de seus principais trabalhos realizados ao longo da carreira.

A homenagem vem de forma especial para o artista. Gobeth completou 90 anos em junho de 2024, e a exposição foi montada em homenagem aos 55 anos de fundação da EEP, local onde deu aulas de arquitetura por 24 anos. “Estou muito feliz e honrado por ter sido convidado para expor minha arte na EEP, onde lecionei, fiz amigos e ajudei a formar arquitetos e engenheiros”, disse.

Com o estilo da aquarela, marcado pela transparência, onde o branco do papel se torna um elemento fundamental para que o artista aplique as nuances necessárias à obra, Gobeth é um dos pintores mais relevantes da história da arte piracicabana. Em sua história, teve contato com artistas relevantes, que o ajudaram a traçar seu legado. Entre eles, Frei Paulo de Sorocaba e Pedro Corona, responsáveis por apresentar a aquarela a Gobeth Filho. Falar nesses nomes traz boas memórias ao artista. “Frei Paulo era um grande aquarelista, e ter estado com ele foi muito importante para que eu absorvesse os primeiros ensinamentos”, conta. “O Pedro Corona foi meu professor de Artes nos tempos do Mackenzie. Ele nos levava à Praça Buenos Aires (em São Paulo) para ensinar desenho de observação”, lembrou.

Luiz Gobet Filho fez morada em Piracicaba. No interior, a Noiva da Colina se tornou sua maior inspiração. A maioria das paisagens que ele pintou são da cidade, um grande amor da vida do aquarelista. “Meu amor pela cidade transparece nos diversos períodos do meu trabalho”, diz. As paisagens retratadas por ele são de vários pontos da cidade: áreas rurais dos bairros do Pau Queimado e Nova Suíça, o verde das árvores da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), por exemplo. Mas, sua série de aquarelas mais famosa trazem imagens da Rua do Porto e suas casinhas, a curva do Rio Piracicaba e do Engenho Central.

Para Luiz Gobeth Filho, tanto a arquitetura quanto a aquarela representam um lugar confortável. Especialmente sobre a aquarela, ele confessa: “encontrei na aquarela minha forma de expressão pessoal e artística”, e é por onde “sempre me senti confortável para dialogar com o tempo, com o espaço e com as pessoas”. A exposição “Gobeth: Um Paisagista da Alma” pode ser visitada na EEP até dia 17 de outubro, sempre das 7h30 às 22h30. A mostra está montada no Espaço Cultural da Biblioteca da Fumep, e tem curadoria de Egídio Simoni e Manuel Guglielmo. Confira a entrevista de Luiz Gobeth Filho ao Jornal de Piracicaba.

Primeiro, gostaria que o senhor falasse um pouco sobre a sua exposição. Como se sente expondo suas obras e, também, expondo em um evento organizado pela EEP,  uma instituição tão importante para Piracicaba?
Não só para Piracicaba mas pra mim também. Estou muito feliz e honrado em ter sido convidado para expor minha arte nas comemorações dos 55 anos da EEP onde lecionei arquitetura, fiz amigos e ajudei a formar engenheiros/arquitetos. Gostaria de poder revê-los e relembrar das histórias que vivemos na Escola, e também aproveito para convidar todos os Piracicabanos para conhecer meu trabalho.

O senhor teve vivências com pessoas importantes para as artes, como Frei Paulo de Sorocaba e Pedro Corona. Como o senhor vê a influência dessas pessoas na sua arte?
Frei Paulo era um grande aquarelista e ter estado com ele foi muito importante para que absorvesse meus primeiros ensinamentos. Me lembro que pegava um ônibus que subia a Av. Independencia até perto dos Capuchinhos para encontrar com Frei Paulo e ter minhas primeiras aulas. O Pedro Corona foi meu professor de Artes nos tempos do Mackenzie. Lembro que nos levava para a Praça Buenos Aires para nos ensinar desenho de observação… o professor Pedro Corona também era excelente aquarelista e com ele aprendi muito sobre a técnica da aquarela.

E como surgiu seu interesse pela aquarela? Como ela surgiu na sua vida?
Eu sempre gostei das artes plásticas em geral. O interesse pela aquarela aparece, num primeiro momento, pela simplicidade do material em contraponto à complexidade da técnica ou seja, com uma bandeja plástica e algumas cores, um pincel, um copo d’água e um bom papel você já tem todo o material para iniciar um trabalho, porém a aquarela não admite erros e portanto sua beleza está na exatidão e na leveza de cada pincelada.

O senhor é tido como um dos primeiros artistas de Piracicaba a explorar a aquarela na cidade. Para o senhor, a paisagem de Piracicaba é uma inspiração para as obras em aquarela?
Piracicaba sem dúvida alguma foi minha maior inspiração. Foi onde encontrei as paisagens que mais retratei. Meu amor pela cidade transparece nos diversos períodos do meu trabalho. Tenho séries das paisagens rurais dos bairros do Pau Queimado e Nova Suíça de quando morávamos numa chácara e eu andava pela região registrando os montes, os canaviais com suas estradas de terra vermelha, cercas e matas que vez ou outra apareciam por entre as plantações. Tenho também séries de estudo da luz e sombra dos caminhos e do verde das  árvores da ESALQ. E tenho as séries mais conhecidas que são da área da Rua do Porto e suas casinhas, da curva do Rio e do Engenho Central.

Por fim, o que a pintura e a arte significam para o senhor?
Encontrei na aquarela minha forma de expressão pessoal e artística. Como na arquitetura, a aquarela foi o lugar onde sempre me senti confortável para dialogar com o tempo, o espaço e as pessoas. É sempre uma felicidade alguém escolher para levar para casa um quadro meu.A Arte foi essencial para mim e não consigo imaginar minha vida fora da Arte. Tenho um acervo diverso com obras de artistas Piracicabanos como Adamoli, Egídio Simoni, Marilu Bueno, Olair Ferrari e também outros como Marcello Grassmann, José Antônio da Silva, Portinari.

Comentários

Comentários