A Revolução de Constitucionalista de 1932 está a um mês de completar seus 92 anos de término. Precisamente em 2 de outubro daquele ano foi assinado o armistício entre as lideranças de São Paulo e o governo federal de Getúlio Vargas.
Assim, houve um cenário longo e triste entre 9 de julho e 2 de outubro, num lamentável conflito bélico pelo qual muitos paulistas ainda choram por seus entes. Em Piracicaba, os três jornais de então eram O Momento, Gazeta de Piracicaba e Jornal de Piracicaba. Nos três, era certa a vitória de São Paulo, numa moral elevada que conseguia voluntários para formar o Exército Constitucionalista. Na época, o Exército Brasileiro era a maior e mais bem equipada força bélica da América Latina. Ganhava apenas ... da Força Pública do Estado de São Paulo ! Travou-se uma batalha entre os dois maiores exércitos latino americanos. Estima-se que eram 100 mil voluntários paulistas treinados por 10 mil membros da Força Pública (que nos anos 1960 tornou-se Polícia Militar).
A imprensa local tinha informações complementadas no dia a dia através de reuniões no Teatro Santo Estêvão, Teatro São José ou Cine Polytheama. Há relatos de que o jornal O Momento passava informações recentes sobre o desenrolar da epopeia num sistema de alto-falantes em sua sede na rua São José, próximo a onde está o Poupatempo Estadual o que não permitia continuidade de certos assuntos no jornal seguinte. Aliás, os jornais da época eram restritos. Impressos em formato standard, tinham quatro páginas e circulavam de terça, quinta e sábado.
Mas as curiosidades sobre o desenvolver da Revolução Constitucionalista foram registradas nas páginas destes matutinos, pois rádio e televisão ainda não existiam. O rádio só surgiu em nossas terras em 1936. A televisão aportou no Brasil somente em 1951.
Na Semana da Pátria, dez anos após comemorar o centenário da Independência, e em pleno inverno, piracicabanos se sentiam parte da força motriz que impedia o avanço das forças federais as quais visavam chegar à capital paulista e controlar as lideranças da Revolução.
J. Oliveira no dia 3 de setembro de 1932 teve uma carta sua publicada na Gazeta de Piracicaba dizendo os piracicabanos tinham “a nobreza de caracter, a disciplina, o fiel cumprimeiro do dever, a resistencia ao frio, geada, chuva, o tufão com suas rajadas de gelar o corpo humano, (sendo estes os nossos peiores inimigos), que sabem afrontar a morte com o sorriso que lhes é peculiar”. J. Oliveira era o 2º. sargento Juvenal Fernandes de Oliveira commandante do pelotão piracicabano. Termina a carta com um P.S.: “se for possível todo enviar-me um relogio, cedido por alguma alma caridosa, para regulamentação das horas de sentinella e evinar (sic, evitar) que os soldados sejam prejudicados nesse tempo”.
Nas correspondências, algumas publicadas nos jornais da época, o sentimento é de temor, vitória e frio, este último desconhecido daqueles que deixaram Piracicaba. Cabe ressaltar que a resistência em 1932 era para evitar o avanço das tropas federais em especial pela região norte do Estado, divisas com o Rio de Janeiro, Mato Grosso e Minas Gerais. Era uma guerra de trincheiras feitas em morros com privilegiada visão das tropas que se movimentavam. O Vale do Paraíba era um dos locais de abrigo, onde a chuva, trincheiras úmidas e temperaturas próximas a zero grau eram vistos também como inimigos dos piracicabanos.
A mesa Gazeta, em 9 de setembro de 1932, publicar carta de Nelson Nobrega na qual diz : “recebemos os ‘capuzes’ que a vossa bondade patriotica nos enviou. Nesta serra, onde o clima tem qualquer cousa de indomável, a vossa offerta veio completar o nosso aparelhamento de defesa. E, nas noites de geada, tufão ou chuva, na mente das sentinellas que ficam ao relento, vigiando pelos companheiros, são renovados constantemente os nossos agradecimentos”. E assim construiu-se a Epopeia Paulista.
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