A morte do zagueiro uruguaio Juan Izquierdo, do Nacional de Montevidéu na última terça-feira (27), após passar mal durante um jogo entre o time que defendia e o São Paulo pela Copa Libertadores da América chamou a atenção para a causa apontada pelos médicos. Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, onde o atleta foi internado, a morte aconteceu por conta de uma parada cardíaca relacionada a um episódio de arritmia, sentida pelo jogador no gramado do MorumBis.
A arritmia é um problema cardíaco considerado comum no Brasil, com mais de 2 milhões de pessoas afetadas anualmente, segundo o Ministério da Saúde. Segundo o médico cardiologista da Santa Casa de Piracicaba, Raul José Pádua Sartini, toda alteração no ritmo cardíaco normal é uma arritmia. Algumas podem fazer o coração bater mais rápido, mais devagar ou de forma irregular ou descompassada. “Podem ser causadas por alterações no tecido elétrico do coração, que é responsável pela condução dos impulsos cardíacos, ou por alterações no músculo do coração. A condição para a ocorrência das arritmias pode ser congênita, quando o indivíduo já nasce com a predisposição, ou adquirida, quando o tecido elétrico ou a musculatura do coração passam por modificações que facilitam os episódios”, explicou o médico.
Dependendo da arritmia, o paciente pode não ter sintoma, e sua identificação acontece de forma eventual durante uma consulta médica, enquanto em outras situações, pode ter a sensação do coração acelerar muito, repentinamente, sem nenhum motivo aparente, podendo estar associada ou não à dor no peito, falta de ar, sensação de desmaio, ou até a perda de consciência, que em algumas circunstâncias pode levar à parada cardiorrespiratória e à morte súbita”, completou.
Segundo o médico, a arritmia pode ser detectada de maneiras fáceis, como em exames de rotina e até mesmo com o uso de smartwatches. Porém, neste caso, é necessário que haja a avaliação de um médico para que o diagnóstico seja correto. “A realização de exames como eletrocardiograma, Holter de 24h (um gravador dos batimentos do coração) muitas vezes elucida o diagnóstico. Hoje, com a disponibilidade dos smartwatches, algumas vezes o diagnóstico pode ser feito através destes dispositivos, mas sempre com a análise e a interpretação devendo ser confirmadas por um médico experiente na área”, afirmou o médico. “Em outras situações o diagnóstico só é possível através de exames muito específicos”, completou.
De acordo com Raul, algumas arritmias não precisam de tratamento e não trazem repercussões negativas ao paciente. Porém, há casos em que é necessária a intervenção de medicamentos e, até mesmo, cirurgias. “Outras arritmias, por sua vez, são potencialmente fatais e podem requerer implante de um marcapasso, ou de um desfibrilador”, afirmou.
ESPORTES
O médico recomenda que atletas, em especial amadores, sejam avaliados constantemente. “Na maioria das vezes a consulta e um eletrocardiograma são suficientes. Para atletas profissionais, a avaliação é individualizada e podem ser necessários exames mais aprofundados”, disse. ”O abandono do sedentarismo é fundamental para a qualidade de vida, para reduzir risco cardiovascular e para a longevidader”, completou.