Em vários períodos da vida experimentamos conflitos íntimos, crises existenciais, dúvidas de variada natureza e sofrimentos diversos, os quais, a depender da sua intensidade e do impacto sobre nosso psiquismo, podem abalar nossa fé. Enfrentar esses desafios faz parte de nosso processo de amadurecimento interior e desenvolvimento de nossas potencialidades.
Diante de eventos adversos, nossa resiliência depende, dentre outros fatores, da nossa fé. Quem a possui enfrenta os problemas com uma força desconhecida por quem se acha destituído dessa qualidade. A fé proporciona uma segurança interior imprescindível à superação das dificuldades, portanto reconhecê-la, desenvolvê-la e cultivá-la não é mera questão de crença, mas condição de êxito.
Referimo-nos à fé como fruto um amadurecimento interior, de um processo de autoconhecimento, de descoberta das dimensões transcendentes da vida e da entrega aos desígnios superiores que nos regem o destino. Nada tem de crença cega nem de submissão a normas externas; ao contrário, a fé se fortalece à medida que se compreendem certas leis espirituais e seus mecanismos, que se aprofunda na comunhão com a fonte da vida e se cumprem os propósitos evolutivos.
Com o amadurecimento consciencial apresentam-se novas possibilidades de experimentar a fé. Passa-se a questionar os objetos de crença, refutando-se aquilo que se apresente sem sentido ou destituído de razão. Cremos ser uma fase importante, em que elementos mágicos e fantasiosos deixam de preponderar, perdendo sua influência dominadora e ameaçadora, além de ser processo emancipatório, pois a partir de uma segurança interior deixa-se de depender de fontes externas, sejam pessoas ou instituições.
Prosseguindo nessa jornada, segundo aqueles que nela avançaram, torna-se possível alcançar a percepção consciente da alma, o que possibilita a entrega confiante ao que transcende a dimensão material da vida.
A fé é conexão consciente com poderosas energias vitais, o que permite a alguém, mesmo diante dos mais desafiadores problemas e sofrimentos, encontrar forças para superá-los, o que seria impossível sem o seu contributo. É um estado interior de comunhão com a dimensão espiritual da vida, de onde se haurem energias, coragem e paciência para a superação de quaisquer obstáculos que se apresentem ao longo da jornada existencial. Viver sem fé torna a vida mais difícil, aumentando o peso das ocorrências negativas, mergulhando-se em um labirinto de problemas aparentemente insolúveis.
A fé, associada ao trabalho, constitui força insuperável na realização dos mais nobres ideais e combustível que sustenta os seres na consecução das tarefas que se dispuseram realizar.
Um adequado esclarecimento quanto aos mecanismos evolutivos e às leis que regem a vida espiritual é de grande valia no fortalecimento da fé, ao lado da oração, da meditação e do serviço de natureza altruísta. Esses fatores, quando conjugados, multiplicam as possibilidades de realização de qualquer empreendimento dignificante, e cultivá-los é possível a todos quantos o desejem.
Todos os movimentos espiritualistas e religiosos autênticos almejam e propõem que se passe das sombras da dúvida para a claridade da fé, da incerteza para a confiança, e oferecem vários meios para se atingir tal meta. Nesse sentido, independentemente do caminho religioso escolhido, a fé, como fundamento da busca espiritual, tem seu cultivo como importante instrumento para uma vida melhor.