BOLSA ATLETA

Desafios dos atletas brasileiros: a realidade além das Olimpíadas

Por Ana Laura França | ana.laura@jpjornal.com.br |
| Tempo de leitura: 2 min
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A realidade dos atletas brasileiros que não têm patrocínios ou grandes apoios financeiros é desafiadora. Fora do ciclo olímpico, a maioria dos esportistas precisa se desdobrar para manter seus treinos e sustentar suas carreiras. A falta de patrocínio e de políticas públicas eficazes coloca esses atletas em uma situação vulnerável, fazendo com que muitos busquem outras fontes de renda para continuar suas jornadas.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Ministério da Cidadania apontam que apenas uma pequena parcela dos atletas de alto rendimento consegue se manter exclusivamente com o esporte. Um estudo realizado pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) em 2022 revelou que cerca de 20% dos atletas da elite brasileira dependem inteiramente de patrocínios e premiações para se manterem financeiramente. No entanto, a maioria recorre a outras formas de sustento.

Bolsa Atleta

Entre os poucos que conseguem sobreviver apenas do esporte, estão aqueles que recebem o Bolsa Atleta, um programa do governo federal que concede bolsas mensais a atletas de diferentes modalidades. Em 2023, o Bolsa Atleta beneficiou aproximadamente 6.500 esportistas em todo o país, com valores que variam de R$370 a R$15.000 mensais, dependendo da categoria.

Trabalhos pararelos

Para a maioria, porém, o cenário é bem diferente. Muitos atletas precisam conciliar os treinos com outras atividades profissionais para garantir seu sustento. Segundo uma pesquisa realizada pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), mais de 60% dos atletas do atletismo nacional trabalham em empregos de meio período ou em tempo integral fora do esporte. Estes empregos variam desde posições administrativas, até trabalho como personal trainers, professores de educação física, ou em negócios familiares.

Por exemplo, Fabiana Murer, ex-atleta do salto com vara e campeã mundial, revelou em entrevistas que, no início de sua carreira, precisou trabalhar como professora de educação física para complementar sua renda até conseguir patrocínios suficientes para se dedicar exclusivamente ao esporte.

Apoio familiar

Outro aspecto importante é o apoio familiar. Muitos jovens atletas contam com a ajuda financeira de seus pais e familiares para custear treinamentos, competições e equipamentos. Sem esse suporte, muitos não conseguiriam continuar no esporte.

Nos últimos anos, o crowdfunding também tem se mostrado uma alternativa viável para alguns atletas. Plataformas como o "Vakinha" e o "Kickante" têm sido utilizadas para arrecadar fundos destinados a cobrir despesas com viagens, equipamentos e até mesmo para manter o atleta treinando em períodos de baixa.

Patrocínios e clubes

Embora o patrocínio de empresas privadas seja mais comum para atletas de modalidades populares, como futebol e vôlei, há um número crescente de empresas que apoiam esportistas de outras modalidades, especialmente quando essas empresas têm ligação com o setor de saúde, bem-estar ou entretenimento.

Além disso, clubes esportivos desempenham um papel importante no apoio aos atletas, oferecendo infraestrutura, treinadores e, em alguns casos, até mesmo ajuda financeira. No entanto, os recursos são limitados e muitas vezes insuficientes para cobrir todas as necessidades do atleta.

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