ARTIGO

Rio Piracicaba: a necessidade de uma política ambiental efetiva


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O desastre ambiental que sucumbiu a fauna e a flora do Rio Piracicaba, resultando na mortandade de pelo menos 50 toneladas das mais diversas espécies de peixes, é uma clara demonstração de que há uma ausência de política pública focada e efetiva na proteção do meio ambiente, em todo os seus sentidos. Este bárbaro crime deve servir de alerta de que precisamos agir com ações mais eficientes na proteção dos nosso rios e mananciais, com os órgãos constituídos assumindo a sua verdadeira função de realizar as fiscalizações para combater os crimes ambientais.

As imagens, na semana passada, na parte urbana de Piracicaba, que já havia chocado a todos, mas as desta semana, com a exposição de milhares de carcaças de peixes na região do bairro Tanquã, o nosso mini pantanal paulista, que foi notícia nos principais jornais do país e se espalhou pelo mundo, reforça a nossa tese de que, infelizmente, a Bacia do Rio Piracicaba sofre com a falta de uma política eficiente de proteção ambiental.

A luta dos piracicabanos em defesa da proteção do nosso Rio Piracicaba e do Rio Corumbataí já atravessa décadas, tendo suas  primeiras manifestações em meados dos anos 70, contra o desvio de parte das águas do Rio Piracicaba para abastecer a Grande São Paulo, através do Sistema Cantareira, reduzindo o seu volume de água e comprometendo o seu curso. No entanto, essa luta só ganhou ações concretas no início dos anos 90, quando o então prefeito de Piracicaba José Machado, lançou, conjuntamente com outros prefeitos, o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, voltado a debater políticas e desenvolver ações concretas em defesa da recuperação dos nossos rios e seus afluentes, que muito contribuiu para a criação do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que tem a missão de desenvolver ações concretas na preservação dos nossos rios e prestar contas à sociedade.

No entanto, passados pouco mais de 30 anos, o fato é que o desastre, que teria sido provocado pelo despejo de detritos da Usina São José, localizada na cidade de Rio das Pedras, que destruiu a vida no nosso Rio Piracicaba, responsável pelo abastecimento de pelo menos 10% da nossa cidade, é uma clara demonstração de que muito ainda há de ser feito.

É inaceitável o desastre ambiental que matou milhares de toneladas de peixes, mas uma demonstração clara de que não podemos focar em ações imediatistas, apenas na tentativa de sensibilizar a opinião pública que está, como nós, abalada com toda essa situação, e tentar ignorar esta situação, achando que a própria natureza se encarregará de dar uma solução a toda esta problemática e que a solução passa unicamente em garantir apenas o sustento das famílias que trabalham com a pesca no Rio Piracicaba. Isso é demagógico, eleitoreiro e populista.

]As famílias precisam e devem ter o apoio do Estado, mas temos que pensar grande. É preciso que as políticas de estado sejam efetivamente praticadas, assegurando a coleta e tratamento de esgoto. Em Piracicaba, apesar dos alardes, basta andarmos por bairros da cidade e percorrer algumas barrancas de ribeirões e afluentes do Piracicaba para constatar o despejo in natura de esgoto, sem contar o que encontramos correndo a céu aberto em diversas partes da cidade. Portanto, há muito a ser feito.

Justamente para asseguramos que medidas de Estado possam ser tomadas, já contatamos o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, endereçando ofício à ministra Marina Silva, solicitando sua intervenção para que apoie as iniciativas em defesa do Rio Piracicaba, no sentido de que as fiscalizações para coibir os despejos irregulares de esgotos sejam feitas a contendo, até porque o Rio Piracicaba é federal e, portanto, cabe também uma ação federal. Não podemos conviver e aceitar com naturalidade a morte dos nossos rios.

É preciso que a política de Estado seja efetiva na proteção do meio ambiente, na defesa da nossa vida e das futuras gerações, e para isso tenhamos a participação de todas as autoridades conhecedoras do tema, somados a setores empresariais, que, de forma suprapartidária, assumam o compromisso que tenha como causa o Rio Piracicaba.

O prefeito de Piracicaba deve ser  o protagonista desta luta em defesa das futuras gerações, em que a água é a base da vida, uma vez que também é o presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

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