Uma concepção evolutiva e espiritual da vida permite reconhecê-la em seus ciclos de desenvolvimento, etapas de maturação e conquista gradual de valores, tanto em indivíduos quanto em grupos, povos e civilizações. Cremos que esse reconhecimento favoreça uma atitude mais positiva e fraterna em relação aos seres com quem, direta ou indiretamente, compartilhamos a existência.
Do mesmo modo que todo adulto foi criança e que todo professor já esteve na condição de aluno, podemos reconhecer que todo sábio já foi ignorante, que o santo já foi pecador, que o iluminado já viveu nas trevas, que o pacifista outrora se debateu na violência e que o mestre um dia foi discípulo. Parece-nos que essa concepção permite o entendimento do espírito de sequência que ordena os fenômenos da vida, tanto quanto nos pede maior compreensão e compaixão em relação àqueles que se encontram em condição diferente da nossa. Da mesma forma que não amaldiçoamos uma criança travessa, mas buscamos educá-la, nem censuramos quem possua habilidades que nos faltam, mas procuramos aprendê-las, podemos rever nossa habitual condição de críticos do comportamento alheio e colaborar, com boa vontade e exemplos dignos, para que todos nos aprimoremos. Se nos exercitamos em uma visão mais abrangente dos fenômenos, podemos abrir espaço para que sentimentos fraternos nos visitem e se instalem, dissipando as sombras da intolerância, do fanatismo e da exclusão, responsáveis por nossas agressões aos irmãos em experiências diversas daquelas em que nos encontramos.
O direito que temos de escolher os caminhos a trilhar é o mesmo que as demais pessoas têm de eleger suas prioridades, exercitar suas preferências e rumar por onde deliberem. Com o crescente compartilhamento de informações, torna-se cada vez mais necessário o respeito às diferenças, caso contrário a aproximação que os veículos de comunicação proporcionam apenas aumentará os atritos e conflitos de um mundo já saturado de sofrimentos.
Sabe-se que a essência das propostas espiritualistas e religiosas é a descoberta, a partir de si mesmo, da dimensão divina da vida, a partir do que inúmeras transformações positivas passam a ocorrer.
À medida que se avança nessa jornada, expandem-se os horizontes, sutilizando as percepções de si mesmo, dos demais e da vida. Com isso, passa-se a reconhecer cada vez mais a divindade presente em toda a Criação, inclusive naqueles seres que ainda não se deram conta dessa realidade. Tal visão favorece a expressão de um genuíno respeito a todos os seres, e esse senso do sagrado possibilita a reverência e o cuidado a todas as expressões de vida com as quais estejamos em relação.
A fim de prosseguirmos com segurança nesse caminho, cabe ressaltar que sábios e santos, iluminados e mestres sempre afirmaram a existência de um estado de ser sublime, ao qual tinham acesso, e nos convidaram a também atingi-lo, mediante os padrões de conduta que nos apresentaram e os exemplos que nos ofereceram.
O que nos prende a ciclos de limitação e sofrimento, segundo esses instrutores, é a nossa ignorância. Quando, ao seguirmos suas recomendações, manifestarmos mais livremente nossa essência divina, em harmonia com as leis que nos regem a vida, nos aproximaremos de um modo de ser mais elevado, possibilitando a cura de inúmeros males que nos afligem, sejam físicos, psíquicos ou sociais. E prosseguirmos pelos caminhos da vida, atentos aos sinais que nos guiam no rumo correto, é convite para alcançarmos um melhor viver e conviver.