Recentemente estive em um congresso da Sociedade Brasileiro de Personal Trainer e pude me encontrar com grandes nomes da área da saúde e do exercício. Um deles é o renomado Dr. José Maria Santarem , médico fisiatra que falou sobre como trata todos os seus pacientes através do exercício físico.
Existe um componente menos conhecido que é produzido durante o exercício, chamado miocina que é um grupo de proteínas produzidas e liberadas pelos músculos durante a contração muscular. Essas proteínas têm mostrado desempenhar um papel crucial na mediação dos efeitos benéficos do exercício físico sobre a dor e as doenças.
Em um artigo clássico que saiu na Revista Journal of Applied Physiology intitulado “Exercise microdosing for skeletal muscle health applications to spaceflight” exemplifica que uma das principais maneiras pelas quais as miocinas ajudam a reduzir a dor e as doenças é através da modulação da inflamação. A inflamação crônica está associada a diversas condições de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, obesidade e doenças autoimunes. Miocinas como a interleucina-6 (IL-6) possuem propriedades anti-inflamatórias, ajudando a reduzir os níveis de citocinas inflamatórias no corpo. Ao fazer isso, as miocinas podem diminuir a dor associada à inflamação e melhorar a função dos tecidos afetados.
Outra maneira pela qual as miocinas contribuem para a saúde é através da regulação do metabolismo. Elas podem aumentar a sensibilidade à insulina, melhorar a captação de glicose pelos músculos e aumentar a oxidação de ácidos graxos. Esses efeitos são particularmente importantes para pessoas com diabetes tipo 2 e outras condições metabólicas, pois ajudam a controlar os níveis de açúcar no sangue e a reduzir o risco de complicações associadas.
Além de seus efeitos anti-inflamatórios e metabólicos, as miocinas também desempenham um papel vital na saúde muscular e óssea. Elas podem estimular a hipertrofia muscular, aumentar a força e a resistência e promover a saúde óssea, prevenindo condições como a osteoporose. Isso é especialmente relevante para a população idosa, que pode se beneficiar enormemente da manutenção da massa muscular e da densidade óssea através da atividade física regular.
O exercício físico e, consequentemente, a liberação de miocinas, também estão associados a melhorias na saúde mental. Miocinas como o fator neurotrófico derivado do cérebro podem promover a neurogênese e a plasticidade sináptica, melhorando a função cognitiva e reduzindo os sintomas de depressão e ansiedade. Esses efeitos positivos na saúde mental são fundamentais para uma qualidade de vida geral melhorada e para a prevenção de doenças neurodegenerativas.
Quando falamos que exercício é remédio, talvez seja por causa da miocina. Já sabemos o por quê ela faz isso tudo e o que faz para a melhora das dores e benefícios da saúde. É só tomar sua dose de exercício! Já tomou hoje? Até a próxima!