TRANSMISSÃO

Esalq acha vírus em planta que pode se espalhar na agricultura

As espécies foram encontradas nas proximidades de um pomar de maracujazeiros no município de Santa Bárbara do Oeste

Por Da Redação | 24/06/2024 | Tempo de leitura: 2 min

Claudinho Coradini

Os pesquisadores enfatizam a necessidade de identificar o vírus em outras regiões do Brasil para verificar danos em cultivos
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de identificar o vírus em outras regiões do Brasil para verificar danos em cultivos

Pela primeira vez no Brasil cientistas encontraram o Bidens mottle virus (BiMoV), transmitido por pulgões e que pode afetar o desenvolvimento de plantas, na cidade de Santa Bárbara d’Oeste. Os pesquisadores enfatizam a necessidade de identificar o vírus em outras regiões do Brasil para verificar danos em cultivos de importância econômica onde já foi verificada a transmissão, como alface, chicória e girassol. O estudo foi feito pela  Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP, em Piracicaba, e pela Unesp, em Botucatu.

As espécies foram encontradas nas proximidades de um pomar de maracujazeiros no município de Santa Bárbara d’Oeste e amostras dessas plantas foram analisadas no microscópio eletrônico de transmissão.

“Os resultados revelaram a presença de partículas virais do tipo potyvirus. Trata-se de um gênero cujas partículas são alongadas e flexuosas e foram transmitidos por pulgões na picada de prova para a identificação da planta hospedeira”, relata o professor Jorge Alberto Marques Rezende, integrante do grupo de pesquisadores. “Com base nessa evidência, foi realizado o sequenciamento completo do genoma do vírus econfirmou tratar-se do BiMoV.”

Segundo o professor da Esalq, o vírus, como todos do mesmo tipo, é transmitido por pulgões (afídeos). “Essa picada acontece em alguns segundos ou minutos”, descreve. “Nesse processo o pulgão adquire o vírus na planta doente e na sequência transmite para a planta sadia.”

Embora os pesquisadores tenham apenas reportado os sintomas apresentados pelas plantas sem fazer avaliação de danos, Rezende afirma que a infecção provavelmente afetou o desenvolvimento das espécies. “É possível que o vírus já estivesse presente no País há muito tempo, porém ainda não tinha sido detectado”, observa. “Isso aconteceu provavelmente porque ele não estava infectando e causando danos em alguma planta cultivada de valor econômico.”

“Experimentalmente, esse vírus foi transmitido para plantas de alface, chicória e girassol, onde pode, em teoria, causar algum dano dependendo da ocorrência da infecção”, aponta Rezende. “No entanto, até o momento não há relato desse vírus nessas plantas no Brasil.”

O professor faz uma recomendação sobre a necessidade de fazer estudos adicionais para identificar se há ocorrência do BiMoV em outras regiões do País. “Esse trabalho servirá para encontrar evidências de ocorrência e danos em plantas de importância econômica que mereçam atenção”, conclui.

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