Os macacos de estimação vêm se tornando cada vez mais populares por conta dos vídeos e imagens compartilhados nas redes sociais e, principalmente, pelas famosas figurinhas do WhatsApp. Porém, não é qualquer pessoa ou residência que estão aptas a manter um macaco de forma doméstica, afinal, ele precisa de cuidados muito mais específicos do que cachorros e gatos, que são mais comuns.
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Primeiramente, para adquirir um pequeno primata, é necessário comprá-lo de um criadouro legalizado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) – aqui no Brasil, há somente um. Isso garante que a reprodução é feita de forma responsável e o comprador passará por uma rígida fiscalização para avaliar as condições de criação do macaco.
São apenas duas espécies permitidas para serem criadas em cativeiro: o saguis e macacos- prego. Também diferente do que muitos pensam, o ambiente ideal para manter esses animais são aqueles mais semelhantes possíveis ao seu local natural, e não em meio aos seres humanos, o tempo todo. Isso porquê esses primatas não tem a mesma consciência de certo e errado e podem acabar agindo de forma instintiva.
Viviane Silviero, terapeuta da cidade de São Pedro, e seu esposo, Paulo Roberto Svazati, são exemplos de tutores. Não adquiriram seus macacos-prego, Nick e Miguel, diretamente do criadouro, mas passaram por um rígido processo de adoção. Após uma série de avaliações, conseguiram a tão sonhada guarda. “O antigo tutor deles infelizmente veio a falecer e eu entrei numa fila, onde nessa fila eu tinha que atender todos os requisitos de tamanho de recinto, me adaptar pra conseguir ficar com eles. Tiveram veterinários envolvidos, protetores de animais, para ver se o espaço que eu tinha caberia para eles, que fosse o mais natural que pudesse.”, afirma Viviane.
Outro ponto importante é a questão das zoonoses (doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas). Como explica o Dr. Giuliano Setem, veterinário especialista em animais silvestres e exóticos, “a similaridade genética que a gente tem com os primatas facilita a transmissão de zoonoses entre nós e essas zoonoses podem ser desde simples resfriados ou gripes, que são virais, infecções bacterianas, fúngicas, de protozoários. […] Com isso é muito importante de se ter noção dessas zoonoses. O herpes, por exemplo, é letal para saguis e também pode infectar macacos-prego, e pra gente só dá uma pequena lesão na boca, então tem algumas doenças que vão afetas as espécies de diferentes maneiras.”.
A alimentação dos macacos domésticos também merece bastante atenção: “São animais que, em vida livre, tem uma dieta muito variada, e é muito difícil da gente conseguir suprir essa dieta e esses nutrientes que eles tem em vida livre, no cativeiro, então muitos primatas em cativeiro tem problemas com manejo alimentar, como deficiências nutricionais, alterações hormonais, induzidas por uma dieta não adequada. O padrão ouro é fornecer uma alimentação bem variada nos volumes certos, principalmente.”, afirma o Dr. Giuliano.
O enriquecimento ambiental é de extrema importância para a criação doméstica desses animais. Como eles passam muito tempo em cativeiro, precisam de distrações e estímulos para se manterem ocupados e se desenvolverem racionalmente. Brinquedos e alimentos complexos são um bom exemplo. Além disso, a educação positiva também deve ser a forma de criação. Não tratá-los na base do medo, e sim da confiança, desperta um comportamento muito mais dócil nos macacos.