A reflexão de hoje vem da amiga e excelente profissional, Ana Canosa, psicóloga, terapeuta sexual e escritora de diversos livros na área da sexualidade humana. Acompanhem!
“Nunca é fácil, nem para os mais liberais. Por mais que esteja presente a felicidade de reconhecer a motivação de um olhar encantado pela descoberta do prazer, pais e mães de adolescentes com frequência se deparam com a dificuldade em falar sobre sexo e afeto, reproduzindo mais costumeiramente as frases "cuidado para não engravidar"; "olha lá o que você vai aprontar"; "use camisinha" e só.
Não há psicologia que nos salve de um aperto no coração, de uma sensação esquisita que tem morada mais no sentimento de perda do que no acinte da moral. Mas, alguns pais e mães podem sofrer tanto com isso, a ponto de dificultarem a vida social dos filhos.
Eu sei que dói, mas não seja egoísta. Seu bebê cresceu. A sexualidade do adolescente incomoda porque eles são lindos. Porque eles exalam hormônios pelas "tampas", enquanto nós os estamos perdendo. Porque eles só querem saber de namorar (que delícia, não?), enquanto nós lutamos diariamente para manter o trabalho, a casa, o casamento, a saúde e a família de pé.
Incomoda porque nós adultos sabemos que sexo envolve mais do que prazer e mesmo esse, o prazer, nem sempre é fácil de ser negociado com as parcerias, e isso gera medo de que nossos filhos sofram, se frustrem e sejam manipulados.
Incomoda porque existem as ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), a gravidez indesejada e nós sonhamos outros planos para eles. Incomoda porque nem sempre as parcerias com quem eles resolvem fazer sexo ou namorar se enquadram no padrão que estamos acostumados.
Mas, para sorte de alguns adolescentes, é o amor que nos salva desse mergulho egoísta, que nos ajuda a desprender das amarras a que nos envolvemos por convicções particulares e muitas vezes, nada originais. Amar implica em ir de encontro à humanidade do outro. A sexualidade é dimensão constitutiva da pessoa, não é inteligente negá-la.
E uma coisa eu adianto: embora adolescentes tenham uma tendência natural para o distanciamento familiar, estão mais preparados para lidar com o assunto do que seus pais e mães imaginam, desde que sintam que serão ouvidos e aceitos”.
A Educação Sexual e Orientação Sexual são muito importantes e necessárias como instrumentos preventivos das ISTs, da gravidez precoce, do abuso sexual e das responsabilidades nos relacionamentos sexo-afetivos.
Para alguns autores a orientação sexual deriva do conceito pedagógico de orientação educacional como um processo de intervenção sistemática na área da sexualidade, realizada por um educador ou outro profissional capacitado para tal. De acordo com o Guia de Orientação Sexual (Casa do Psicólogo – 6ª edição), a orientação sexual “pressupõe o fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de reflexões e questionamentos sobre postura, tabus, crenças e valores a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais. Abrange ainda, o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, autoestima e relações de gênero. Enfoca as dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade".
Já a Educação Sexual, segundo o Guia, inclui todo o processo informal pelo qual aprendemos sobre a sexualidade ao longo da vida, "seja através da família, da religião, da comunidade, dos livros ou da mídia".
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