Os recentes eventos climáticos no Sul do país e seus efeitos na vida dos seus habitantes revestem-se de significado especial, tanto para aqueles diretamente envolvidos quanto para nós, geograficamente distantes mas vinculados a eles de muitas formas.
Ocorrências dessa natureza têm repercussões que transcendem o local em que ocorrem, evocando sentimentos, reações e atitudes diversas em quem lhes recebe a influência. Além dos impactos econômicos, sociais e psicológicos, que requerem providências adequadas, carregam mensagens que podem ser decifradas por quem se atente a elas. Sob um olhar evolutivo e espiritual, tais fenômenos, ao mesmo tempo que fazem parte de um processo purificador coletivo, convidam (ou forçam) aqueles por eles afetados a superarem a si mesmos.
Eventos como esse, pelos efeitos devastadores que provocam, convidam à superação do egoísmo, pois interesses e planos pessoais precisam ser transcendidos em prol de ações urgentes e importantes, as quais mobilizam e fortalecem o espírito altruísta; pedem o desapego, visto que bens materiais com que se contava se perdem definitivamente, e o mais difícil: pessoas se vão inesperadamente, abalando subitamente a estrutura psíquica e as relações familiares; impõem que se vença o medo, já que dificuldades de tal magnitude requerem coragem para se recomeçar e seguir novos rumos; desafiam o materialismo, ao se reconhecer a transitoriedade de tudo, sejam objetos, edificações ou bens diversos, que subitamente desaparecem.
Em nosso atual nível evolutivo, parece que ainda precisamos passar por eventos extremos que nos despertem da letargia espiritual, modificando prioridades e estimulando atitudes solidárias que não teríamos espontaneamente caso não fôssemos retirados de nosso comodismo.
Além dos fatos externos que nos mobilizam, merece ser considerada nossa dimensão interior, a partir da qual podemos solucionar adequadamente os problemas que se apresentam, por mais difíceis nos pareçam, pois com a consciência desperta e lúcida podemos tomar decisões corretas, superar limites e exercitar qualidades até então adormecidas. Ao acessarmos nossa essência, nosso ser mais profundo, a energia vital que nos anima é evocada, fortalecendo-nos para as ações que se façam necessárias. Quando isso ocorre, descobrimos capacidades até então ignoradas, revelando a força que existe dentro de todos nós.
Por isso se torna tão importante o constante cultivo espiritual – por meio de oração, meditação, instrução e autoconhecimento – a fim de se criarem condições favoráveis à emersão das qualidades divinas presentes em todos, à espera de serem descobertas e expressas. Quem assim procede, concedendo tempo e atenção aos aspectos espirituais e transcendentes do ser, prepara-se e fortalece-se para que, diante dos desafios da vida, possa expressar o melhor de si para o bem de todos, superando limites e condicionamentos, temores e incertezas.
Portanto, o cultivo espiritual, enfatizado pelos movimentos espiritualistas, não é mera convenção religiosa nem simples cumprimento de preceitos formais, mas uma preparação para o melhor enfrentamento de ocorrências inevitáveis, frente às quais é necessário ter equilíbrio e serenidade, força e coragem, fé e perseverança, a fim de superá-las da melhor maneira possível.
Preparar-nos, pois, como servidores úteis aos propósitos evolutivos, dispostos a nos superar continuamente, é um convite da vida endereçado a todos nós, especialmente na atual transição planetária.
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