Talvez você nunca tenha visitado Osaka no Japão, Reykjavík na Islândia, Melbourne na Austrália, Berlim na Alemanha ou Copenhague na Dinamarca. São as cidades que mais implementam políticas públicas para incentivar a prática de exercícios físicos na população e apresentam os melhores índices de saúde do mundo. Já o Brasil...
O Brasil enfrenta um cenário desafiador em sua saúde pública. Doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardíacas, diabetes e câncer, já representam a principal causa de morte no país, impondo um peso significativo ao sistema de saúde e à economia dos estados e municípios. Entre os fatores de risco para essas doenças, a falta de atividade física se destaca como um dos mais relevantes.
Nesse contexto, o investimento em programas de promoção da atividade física e prática de exercícios surge como uma estratégia crucial para a prevenção de doenças, a geração de economia e a construção de cidades mais saudáveis.
Diversos estudos comprovam o retorno positivo do investimento em saúde preventiva. Um estudo publicado na revista Health Affairs em 2013, por exemplo, demonstra que cada dólar investido em programas de atividade física gera um retorno de até 5,60 dólares em economia com custos médicos. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que a inatividade física e responsável por cerca de 300 milhões em gastos com internações no SUS. Investir em programas de promoção da atividade física poderia gerar uma economia significativa para o sistema de saúde, liberando recursos para outras áreas prioritárias. Com 150 milhões já colocaríamos centenas de professores de educação física em cada comunidade e cidade do país com salários dignos e mudando a saúde do local.
Mas quase ninguém no Brasil acha isso importante. Primeiro, porque não aparece em época de eleição e, segundo, porque a própria população não vê isso como algo tão importante, a não ser quando está doente e percebe que poderia ter prevenido a doença através do exercício.
Os benefícios de investir em atividade física vão além da economia direta. Uma população mais ativa e saudável apresenta uma maior produtividade no trabalho já que estudos demonstram que trabalhadores fisicamente ativos apresentam menor índice de absenteísmo e maior produtividade. Outro fator é a redução do presenteísmo pois a prática regular de exercícios físicos diminui a incidência de doenças, reduzindo o presenteísmo, ou seja, a perda de produtividade no trabalho por motivos de saúde. Além disso ocorre a melhora na qualidade de vida já que a atividade física contribui para o bem-estar físico e mental, reduzindo o estresse, a ansiedade e os sintomas de depressão. E por ultimo e não menos importante para o Brasil o menor índice de criminalidade já que estudos sugerem que comunidades com maior índice de prática de exercícios físicos apresentam menor índice de criminalidade.
Um idoso que pratica atividade física regularmente chega a gastar pelo menos 50% a menos em gastos médicos quando comparado a um idoso que está sedentário ou que apresenta alguma doença. Um estudo recente publicado no periódico Preventive Medicine intitulado "The Cost of Physical Inactivity in the United States: A Review of the Literature" fornece uma revisão abrangente da literatura sobre os custos da inatividade física na população americana e que serve como referência para todos nós.
Ao investir em prevenção por meio da atividade física, as cidades não apenas economizam em custos com saúde, mas também geram uma série de benefícios sociais e econômicos. Aumento da produtividade, redução do absenteísmo, melhora na qualidade de vida e menor índice de criminalidade são alguns dos exemplos. Investir nisso seria uma estratégia inteligente e vantajosa para as cidades brasileiras, como Piracicaba. E seria mais barato! Será que um dia veremos isso? Até a próxima!
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